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MELHOR ATOR
Spacey, premiado por coadjuvante em 95, diz que esperava o Oscar de ontem
"Estava mais preparado desta vez"
especial para a Folha, em Los Angeles
Quando, poucos dias antes do
Oscar, Kevin Spacey foi escolhido
melhor ator do ano pelo Screen
Actors Guild -maior associação
de atores dos Estados Unidos-
por sua interpretação em "Beleza
Americana", ficou claro que algo
havia mudado radicalmente na
categoria: Denzel Washington, o
favorito até então, perdia campo
para o protagonista do filme de
Sam Mendes.
Confira a seguir a entrevista que
Spacey concedeu logo após a entrega do Oscar, junto com o diretor, Sam Mendes, também premiado.
(CC)
Pergunta - Como o senhor explica tamanha identificação da
platéia com "Beleza"?
Kevin Spacey - Os personagens
do filme mostram às pessoas que
elas não estão sós em seus sentimentos, que os mesmos sentimentos são compartilhados por
muita gente. "Beleza Americana"
tocou o público por ser uma história bem real, que trata seu tema
de uma forma madura e inteligente, enquanto diverte também.
Pergunta - O senhor se emocionou muito na hora que recebeu o Oscar.
Spacey - Na verdade naquela
hora eu estava passando por um
aneurisma (risos). Estava realmente embasbacado. "Beleza
Americana" representa muito para mim. É a maior honra concedida a um ator.
Hilary (Swank) disse há pouco
que havia esquecido de agradecer
ao marido dela Chad, Sam Mendes esqueceu de agradecer a mãe,
e eu esqueci meu discurso por
completo (risos).
Pergunta - O senhor poderia
falar sobre a contribuição de
Annette Bening em "Beleza"?
Sam Mendes - Ela foi a peça-chave deste filme. Logicamente,
queríamos que todos levassem
um Oscar, mesmo os que não foram indicados...
Annette mergulhou de cabeça
na personagem antes de qualquer
outro do elenco e levou todo o
resto da equipe com ela. Ela faz
com que os atores interpretem
melhor quando contracenam
com ela. Fico muito triste por ela
não ter recebido o prêmio, mas sei
que ela tem coisas mais importantes com que se preocupar.
Pergunta - O senhor poderia
falar sobre a influência de Jack
Lemmon em sua carreira?
Spacey - Tive a grande fortuna
de minha história com Jack ter
começado quando eu tinha 13
anos, em um seminário sobre teatro. Jack conversou conosco e nos
incentivou muito a seguir nossos
sonhos. Aquelas palavras marcaram muito minha vida. Foi um
momento inesquecível para mim.
Onze anos mais tarde eu fiz um
teste para uma produção da
Broadway de uma peça de Eugene
O'Neill e acabei fazendo o papel
do filho de Jack Lemmon. Depois
fizemos um filme juntos. Nossa
relação é bastante antiga. Jack influenciou muito meu trabalho e
jamais poderia deixar passar essa
noite sem mencionar a pessoa
que serviu de inspiração para eu
interpretar Lester Burnham em
"Beleza Americana".
Pergunta - O senhor acha que
os prêmios concedidos a "Beleza Americana" indicam uma
mudança na Academia?
Spacey - Acho que existe um
monte de produções dos anos 60
e 70, como "Perdidos na Noite" e
"A Primeira Noite de um Homem", que eram bastante contemporâneas na época que foram
feitas e não custaram muito dinheiro. Quanto mais forem produzidos filmes semelhantes e os
mesmos reconhecidos pelo grande público, melhor.
Pergunta - Essa é a segunda
vez que o senhor recebe um Oscar. O que mudou?
Spacey - Quando ganhei o prêmio (de coadjuvante, em 96) por
"Os Suspeitos", não tinha idéia de
que sairia com um Oscar na mão.
Fui descoberto naquele ano. Este
ano, muito se publicou na imprensa sobre os candidatos, muita
gente que eu encontrava em festas
me dizia que votaria em mim e
que eu iria ganhar. A idéia foi,
portanto, crescendo aos poucos
na minha cabeça. Estava mais
preparado desta vez.
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