São Paulo, terça-feira, 28 de março de 2000


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MELHOR ATOR
Spacey, premiado por coadjuvante em 95, diz que esperava o Oscar de ontem
"Estava mais preparado desta vez"

especial para a Folha, em Los Angeles

Quando, poucos dias antes do Oscar, Kevin Spacey foi escolhido melhor ator do ano pelo Screen Actors Guild -maior associação de atores dos Estados Unidos- por sua interpretação em "Beleza Americana", ficou claro que algo havia mudado radicalmente na categoria: Denzel Washington, o favorito até então, perdia campo para o protagonista do filme de Sam Mendes.
Confira a seguir a entrevista que Spacey concedeu logo após a entrega do Oscar, junto com o diretor, Sam Mendes, também premiado. (CC)

Pergunta - Como o senhor explica tamanha identificação da platéia com "Beleza"?
Kevin Spacey -
Os personagens do filme mostram às pessoas que elas não estão sós em seus sentimentos, que os mesmos sentimentos são compartilhados por muita gente. "Beleza Americana" tocou o público por ser uma história bem real, que trata seu tema de uma forma madura e inteligente, enquanto diverte também.

Pergunta - O senhor se emocionou muito na hora que recebeu o Oscar.
Spacey -
Na verdade naquela hora eu estava passando por um aneurisma (risos). Estava realmente embasbacado. "Beleza Americana" representa muito para mim. É a maior honra concedida a um ator.
Hilary (Swank) disse há pouco que havia esquecido de agradecer ao marido dela Chad, Sam Mendes esqueceu de agradecer a mãe, e eu esqueci meu discurso por completo (risos).

Pergunta - O senhor poderia falar sobre a contribuição de Annette Bening em "Beleza"?
Sam Mendes -
Ela foi a peça-chave deste filme. Logicamente, queríamos que todos levassem um Oscar, mesmo os que não foram indicados...
Annette mergulhou de cabeça na personagem antes de qualquer outro do elenco e levou todo o resto da equipe com ela. Ela faz com que os atores interpretem melhor quando contracenam com ela. Fico muito triste por ela não ter recebido o prêmio, mas sei que ela tem coisas mais importantes com que se preocupar.

Pergunta - O senhor poderia falar sobre a influência de Jack Lemmon em sua carreira?
Spacey -
Tive a grande fortuna de minha história com Jack ter começado quando eu tinha 13 anos, em um seminário sobre teatro. Jack conversou conosco e nos incentivou muito a seguir nossos sonhos. Aquelas palavras marcaram muito minha vida. Foi um momento inesquecível para mim.
Onze anos mais tarde eu fiz um teste para uma produção da Broadway de uma peça de Eugene O'Neill e acabei fazendo o papel do filho de Jack Lemmon. Depois fizemos um filme juntos. Nossa relação é bastante antiga. Jack influenciou muito meu trabalho e jamais poderia deixar passar essa noite sem mencionar a pessoa que serviu de inspiração para eu interpretar Lester Burnham em "Beleza Americana".

Pergunta - O senhor acha que os prêmios concedidos a "Beleza Americana" indicam uma mudança na Academia?
Spacey -
Acho que existe um monte de produções dos anos 60 e 70, como "Perdidos na Noite" e "A Primeira Noite de um Homem", que eram bastante contemporâneas na época que foram feitas e não custaram muito dinheiro. Quanto mais forem produzidos filmes semelhantes e os mesmos reconhecidos pelo grande público, melhor.

Pergunta - Essa é a segunda vez que o senhor recebe um Oscar. O que mudou?
Spacey -
Quando ganhei o prêmio (de coadjuvante, em 96) por "Os Suspeitos", não tinha idéia de que sairia com um Oscar na mão. Fui descoberto naquele ano. Este ano, muito se publicou na imprensa sobre os candidatos, muita gente que eu encontrava em festas me dizia que votaria em mim e que eu iria ganhar. A idéia foi, portanto, crescendo aos poucos na minha cabeça. Estava mais preparado desta vez.


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