São Paulo, sexta, 28 de março de 1997.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Teatro invade ruas de Santo André

DANIELA ROCHA
da Reportagem Local

Os principais grupos de teatro de rua do Brasil estarão se apresentando em Santo André neste e no próximo final de semana.
Os conhecidos Parlapatões Patifes e Paspalhões (São Paulo), Galpão (Minas Gerais), Grupo Tá na Rua (Rio de Janeiro), Circo Branco (São Paulo), entre outros, terão apresentações a partir do dia 5 de abril em vários locais da cidade (confira a programação no quadro abaixo).
Idealizado pelo ator e secretário municipal da Cultura da cidade, Celso Frateschi, 45, a 1¦ Mostra de Teatro de Rua de Santo André foi orçada em R$ 40,9 mil.
"É um investimento que fazemos para desenvolver uma tendência que existe no Brasil, que é a arte pública. Grupos de teatro de rua ganham cada vez mais notoriedade", afirmou Frateschi.
Este ano a mostra está sendo paga integralmente pela prefeitura, mas a idéia, segundo Frateschi, é expandir a mostra em 98, transformando-a em uma mostra internacional de teatro de rua.
Para viabilizar a vinda de grupos do exterior ao Brasil, Frateschi pretende fazer parcerias com empresas da cidade e região. "Este ano damos o `start' à mostra. Pretendemos incrementá-la promovendo também workshops e apresentações paralelas à programação", disse ele, que já foi secretário municipal da Cultura de Santo André entre 89 e 92 (leia abaixo).
Licença solene
A mostra será aberta com a apresentação do "Auto do Bumba-Meu-Boi", pelo grupo Cupuaçu, do Maranhão. A apresentação acontecerá no calçadão do centro da cidade, ao meio-dia.
"Este espetáculo é como um pedido de autorização à cúpula popular para ocupar as ruas da cidade", disse o secretário.
No mesmo dia, às 21h, o grupo Galpão apresentará "Um Molière Imaginário", espetáculo que leva para o palco o autor da comédia "O Doente Imaginário". Molière aparece em alucinações do hipocondríaco Argan. Com essa montagem, dirigida por Eduardo Moreira, o grupo comemora 15 anos.
No dia 6, às 15h, acontece a apresentação de "Para Que Servem os Pobres", com o grupo Tá na Rua, do Rio de Janeiro. Esse espetáculo já foi mostrado no Festival Ibero-Americano de Teatro de Cadiz (Espanha), em 1992. O grupo busca o humor e a brasilidade de seus espetáculos nas ruas e faz do espectador mais um ator na história.
Em 7 de abril, às 17h, é a vez dos Parlapatões Patifes e Paspalhões apresentarem "U Fabuliô", montagem feita a partir de histórias existentes em contos franceses dos séculos 13 e 14, os "fabliaux". Quem conduz a história é João Dimas (interpretado por Hugo Possolo), um vendedor ambulante da "Banha da Jurumba".
No fim-de-semana seguinte, quem abre a programação é o grupo de Santo André Espinha de Peixe e Pernas de Pau Dançantes, que contará, sobre pernas-de-pau, as histórias "Nem Tudo o Que Se Deita Está Cansado" e "Logo Se Arrepende Daquilo Que Se Vê".
São duas histórias simples. A primeira é sobre um marido que surpreende a mulher comprando um produto especial em um camelô. A segunda é sobre duas irmãs gêmeas separadas ao nascer que se reencontram em um Carnaval.
O representante do interior paulista na mostra é o grupo Fora do Sério, de Ribeirão Preto. Ele vai apresentar no dia 12, às 15h, o espetáculo "A Chave e a Fechadura". O texto é de Dario Fo e trata de um jogo amoroso entre dois personagens: Arlecchino e Franceschina, mostrado com elementos acrobáticos e circenses, máscaras, música e canto.
A última apresentação, dia 13, às 20h, será do Circo Branco, com espetáculo consagrado "Auto da Paixão", do diretor pernambucano Romero de Andrade Lima. Doze cânticos de amor e morte são cantados por pastoras que recriam procissões, reisados e pastoris, misturando o sagrado e o profano.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright 1997 Empresa Folha da Manhã