São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRÍTICA

"Missão" é uma estrela, duas, três...

em Nova York

A alguns meses de 2001, data da decantada odisséia espacial no cinema, dá quase para falar que a ficção científica nas telas acabou. Tudo já foi feito, tudo já foi visto. De Kubrick a "Blade Runner", de Tarkovski a "Matrix". E, para o bem e para o mal, "Missão: Marte", filme de Brian De Palma que estréia hoje, mereceria ser o canto do cisne do gênero.
"Mission to Mars", título original, é um filme cujas estrelas de cotação aumentam e diminuem em efeito gangorra durante seus 113 minutos.
De Palma às vezes parece ele mesmo um alienígena, ao criar cenas de um sentimentalismo piegas de lascar, que parecem vir de qualquer um, menos do diretor de "Carrie, a Estranha" (1976) ou "O Pagamento Final" (1993).
Em outras passagens de "Missão: Marte" o cineasta arranca poesia de efeitos especiais, com uma fotografia de encher os olhos, como a sequência holográfica em que um marciano esquizóide (por que não seria?) conta como Marte era um planeta bacana e foi destruído, sem antes mandar a sementinha da vida para o nosso planeta.
Explica os dinossauros, antes e depois. Tudo bem, foi descoberta a origem da vida, mas o marciano não precisava cair no choro...
A história de "Missão: Marte" começa num churrasco tipicamente terreno, em que os atores/ tripulação são apresentados e se preparam para partir rumo ao planeta vermelho.
A primeira missão chega a Marte, assenta acampamento, finca a bandeira americana e descobre uma espécie de pirâmide marciana, um monumento sinistro com a feição de... um ET, tal qual conhecemos dos pôsteres e camisetas do "Arquivo X".
Logo, os terráqueos exploradores serão dizimados por uma força da "natureza local", com a exceção de um dos astronautas, que é poupado.
Para resgatar o que sobrou do time inicial, uma segunda missão é enviada, levando uma equipe comandada por Tim Robbins e Gary Sinise.
O primeiro logo vira um perdido no espaço. Ao último, abatido astronauta que ficou viúvo pouco antes da decolagem, cabe então a tarefa de pilotar o salvamento, verificar qual é a do monumento marciano assassino e cravar em solo vermelho a derrubada bandeira ianque.
No final das contas, Brian De Palma criou mais um "Stargate" melhorado do que um "2001: Uma Odisséia no Espaço" piorado.
Se você se contentar com três grandes cenas, algumas conduções de câmera e uma construção cênica do planeta marciano de arrepiar, "Missão: Marte" vale o ingresso. Fora isso, o filme é uma espaçonave em direção a lugar nenhum.
(LR)


Avaliação:   


Filme: Missão: Marte (Mission to Mars)
Direção: Brian De Palma
Produção: EUA, 2000
Com: Gary Sinise, Tim Robbins, Don Cheadle, Connie Nielsen, Jerry O'Connell
Quando: a partir de hoje, nos cines Center Iguatemi 2, Interlagos 2, Paulista 3 e circuito


Texto Anterior: Cinema / estréia: Marcianos estão nas telas, na TV e na música
Próximo Texto: "Você tem de fingir que vê um meteoro"
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.