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ANÁLISE
"Pânico" desconstrói técnicas televisivas
ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Dado Donabella adverte:
"Vocês não podem acreditar
no que vêem na televisão!".
O ator participava de "Pânico",
o humorístico-jornalístico-variedades diário da rádio Jovem Pan
FM que faz sucesso também na
TV. A versão televisiva semanal
do show do curioso grupo de jovens paulistanos já é o programa
mais assistido da Rede TV!
-apesar do horário concorrido
de domingo, início de noite.
"Televisão é uma maravilha, a
gente inventa qualquer negócio",
insistiu o ator que se defendia de
uma fofoca indiscreta criada pela
produção.
A TV adora falar de si mesma.
"Pânico" não foge à regra. A utilização tosca de efeitos do espetáculo audiovisual dá a tônica do
programa, que se estabelece como lugar de comentário irreverente sobre o próprio repertório
televisivo.
Uma legenda improvisada no
pé da tela comenta com agilidade
as imagens, fazendo versão popularesca da convenção dos canais
de notícia a cabo.
A violência que aparece com
destaque nos telejornais ganha
paródia. No quadro "A Hora da
Morte", curta trash de aventura,
estrelado por personagens mascarados, não é preciso espremer.
O sangue jorra -por exemplo de
um saco plástico abastecido diretamente em um açougue.
O repórter-personagem "Gil
Couves", alusão a Gil Gomes, comenta notícias de destaque na semana, como a agonia do ídolo
Maradona.
O programa de TV complementa o de rádio. Mostrando melhores momentos da semana, o
grupo revela o visual que não aparece na performance no rádio. O
galã Henri Castelli tasca um "beijo
técnico" em dona Inês, para constrangimento da comedida senhora, copeira da emissora, personagem eventual do programa.
O humor barato de "Pânico" vai
na linha de experiências consagradas, como a do concorrente
Faustão da fase de "Perdidos na
Noite", ou a da turma do "Casseta
& Planeta", especializada em ironizar personalidades da política e
da televisão.
"Pânico" é tosco e direto. O comentário avacalhado desconstrói,
pela margem, técnicas convencionais de armação televisiva.
Esther Hamburger é antropóloga e
professora da ECA-USP
PÂNICO NA TV. Quando: domingo, às
18h30, na Rede TV!.
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