São Paulo, segunda, 28 de abril de 1997.

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MÚSICA
Cantora lança em maio novo disco com músicas de Belchior, Zé Ramalho, Chico Buarque e Raul Seixas
Elba mira Sul e Nordeste com ``Baioque''

da Sucursal do Rio

Elba Ramalho deu uma mexida em sua carreira e vai lançar no início de maio ``Baioque'', CD onde flerta com o pop em releituras de clássicos da MPB dos anos 70, mas deixa também espaço para o que chama de ``música de festa'' -os xotes e frevos tradicionais em seu repertório.
``Quis mostrar neste trabalho parcerias inusitadas e trazer os músicos de volta ao estúdio. Estou cansada daquelas produções onde os teclados substituem o trabalho artesanal, dedicado, dos músicos'', disse Elba em entrevista à Folha.
Para uma das ``parcerias inusitadas'', Elba convidou o cantor e compositor Paulinho Moska. Foi ele o responsável pelo arranjo puxado por violões em ``Paralelas'', de Belchior.
``Fiquei cinco horas em estúdio tentando achar um caminho para `Paralelas'. Já estava quase desistindo quando eu e Robertinho de Recife (produtor do disco) pensamos em Paulinho. Três dias depois, ele entregou um arranjo perfeito'', contou Elba.
Guitarras
As guitarras de Robertinho de Recife, Pepeu e Armandinho em ``Os Argonautas'', de Caetano Veloso, mostram outra das``parcerias inusitadas'' propostas por Elba Ramalho em seu novo disco.
``As guitarras rasgadas casaram bem com o fado de Caetano. Eles são músicos espetaculares e foi só deixá-los livres no estúdio para que tudo saísse perfeito'', disse.
O lado pop de ``Baioque'' mostra ainda uma música inédita de Paulinho Moska e Lenine, ``Relâmpiano'', uma música pouco conhecida de Raul Seixas, ``S.O.S'', e uma recriação original de ``Pavão Misterioso'', de Ednardo.
Lá estão também ``Vila do Sossego'', de Zé Ramalho, ``Vamos Fugir'', de Gilberto Gil, e ``Baioque'', de Chico Buarque, que dá título ao trabalho.
``Acho que a melhor definição para a escolha do repertório do disco é: `se eu fosse compositora, queria ter feito estas músicas''', explicou.
Fidelidade
A marcante divisão do trabalho em dois aspectos -o pop inovador ao lado da tradicional música nordestina-, é encarada com tranquilidade pela cantora.
``Quis fugir do óbvio, escolher coisas diferentes, mas não posso esquecer que tenho um público fiel que gosta de forró. Se quisesse ser oportunista, abriria o disco com um música dessas, mas quis mostrar logo no início que estou aqui para um trabalho retumbante e forte'', afirmou.
A ``divisão'' é encarada pela cantora como mais um instrumento de trabalho. Sua intenção é trabalhar músicas diferentes no Nordeste e no sul do país.
``O Brasil é dividido, não adianta fugir disso. O forró não toca no sul, e se eu levar um trabalho mais pop para o Nordeste, vão perguntar onde está a música para dançar quadrilha'', disse.
Para Elba, ``Baioque'' é um prosseguimento do trabalho iniciado em ``Leão do Norte'', seu disco anterior.
``Estou mais madura, explorando melhor minha voz. Daqui para a frente, vou ousar cada vez mais'', afirmou. (CRISTINA GRILLO)
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