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MÚSICA
Cantora lança em maio novo disco com músicas de Belchior, Zé Ramalho, Chico Buarque e Raul Seixas
Elba mira Sul e Nordeste com ``Baioque''
da Sucursal do Rio
Elba Ramalho deu uma mexida
em sua carreira e vai lançar no início de maio ``Baioque'', CD onde
flerta com o pop em releituras de
clássicos da MPB dos anos 70, mas
deixa também espaço para o que
chama de ``música de festa'' -os
xotes e frevos tradicionais em seu
repertório.
``Quis mostrar neste trabalho
parcerias inusitadas e trazer os
músicos de volta ao estúdio. Estou
cansada daquelas produções onde
os teclados substituem o trabalho
artesanal, dedicado, dos músicos'', disse Elba em entrevista à
Folha.
Para uma das ``parcerias inusitadas'', Elba convidou o cantor e
compositor Paulinho Moska. Foi
ele o responsável pelo arranjo puxado por violões em ``Paralelas'',
de Belchior.
``Fiquei cinco horas em estúdio
tentando achar um caminho para
`Paralelas'. Já estava quase desistindo quando eu e Robertinho de
Recife (produtor do disco) pensamos em Paulinho. Três dias depois, ele entregou um arranjo perfeito'', contou Elba.
Guitarras
As guitarras de Robertinho de
Recife, Pepeu e Armandinho em
``Os Argonautas'', de Caetano Veloso, mostram outra das``parcerias inusitadas'' propostas por Elba Ramalho em seu novo disco.
``As guitarras rasgadas casaram
bem com o fado de Caetano. Eles
são músicos espetaculares e foi só
deixá-los livres no estúdio para
que tudo saísse perfeito'', disse.
O lado pop de ``Baioque'' mostra
ainda uma música inédita de Paulinho Moska e Lenine, ``Relâmpiano'', uma música pouco conhecida de Raul Seixas, ``S.O.S'', e
uma recriação original de ``Pavão
Misterioso'', de Ednardo.
Lá estão também ``Vila do Sossego'', de Zé Ramalho, ``Vamos
Fugir'', de Gilberto Gil, e ``Baioque'', de Chico Buarque, que dá título ao trabalho.
``Acho que a melhor definição
para a escolha do repertório do
disco é: `se eu fosse compositora,
queria ter feito estas músicas''', explicou.
Fidelidade
A marcante divisão do trabalho
em dois aspectos -o pop inovador ao lado da tradicional música
nordestina-, é encarada com
tranquilidade pela cantora.
``Quis fugir do óbvio, escolher
coisas diferentes, mas não posso
esquecer que tenho um público fiel
que gosta de forró. Se quisesse ser
oportunista, abriria o disco com
um música dessas, mas quis mostrar logo no início que estou aqui
para um trabalho retumbante e
forte'', afirmou.
A ``divisão'' é encarada pela cantora como mais um instrumento
de trabalho. Sua intenção é trabalhar músicas diferentes no Nordeste e no sul do país.
``O Brasil é dividido, não adianta
fugir disso. O forró não toca no
sul, e se eu levar um trabalho mais
pop para o Nordeste, vão perguntar onde está a música para dançar
quadrilha'', disse.
Para Elba, ``Baioque'' é um prosseguimento do trabalho iniciado
em ``Leão do Norte'', seu disco anterior.
``Estou mais madura, explorando melhor minha voz. Daqui para
a frente, vou ousar cada vez mais'',
afirmou.
(CRISTINA GRILLO)
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