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TEATRO
A peça "Miss Rainha da Beleza", do dramaturgo inglês de 28 anos, ganha primeira leitura aberta no Brasil
Ciclo traz o jovem Martin McDonagh
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
"Martin McDonagh, o dramaturgo da moda, é profundo ou esperto?" Era o título de uma longa
crítica, anteontem, no jornal
"The New York Times".
Aos 28 anos, este autor inglês de
família irlandesa tomou de assalto
e assusta o teatro em Londres e
Nova York -vale dizer, no mundo- com uma comédia de humor
negro intitulada "The Beauty
Queen of Leenane".
"Miss Rainha da Beleza", na tradução de Marcos Renaux e Marilene Felinto, recebe a primeira leitura aberta, no Brasil, esta noite no
auditório da Folha.
Quem descobriu e fez de tudo
para trazer o texto ao país foi a
atriz Xuxa Lopes, que dirige e participa da leitura, hoje. A montagem estréia, acredita ela, no segundo semestre.
Se é esperto ou profundo, a atriz
brasileira, que viu a peça há um
ano e meio em Londres, não duvida de que é profundo. Mas Martin
McDonagh é também esperto, ou
melhor, irresponsável.
Escreveu a peça supostamente
em três semanas. Não gosta e vive
a maldizer o teatro. Assiste TV o
dia todo. Preferia escrever para cinema ou TV, tentou ambos, foi recusado e acabou no palco.
Não tem dois anos que "Miss
Rainha da Beleza" estourou em
Londres, e o jovem autor, na "onda", já escreveu três outras peças
para montar antes que os críticos
conservadores reagissem.
A história de mãe e filha, uma a
oprimir e ofender violentamente a
outra, sobretudo a mãe a oprimir
a filha e a filha a ofender a mãe, foi
fartamente elogiada no mesmo
"NYT" há três meses por Ben
Brantley, que a chamou de "vital"
e "the real thing".
O teatro de verdade que só se encontra, nas palavras de Brantley,
de vez em quando -e que faz lembrar o que já nem se recordava que
o teatro podia dar.
Para Benedict Nightingale, do
jornal "The Times" de Londres,
McDonagh é "o mais doentiamente engraçado e o mais brilhantemente corrosivo jovem dramaturgo" da Grã-Bretanha.
Foi mais ou menos essa a visão
de Xuxa Lopes, ao assistir a peça
pela primeira vez. A atriz nem chegou a entendê-la inteiramente,
apresentada por um elenco irlandês que carregou demais no sotaque. Mas acompanhou a trama e
ficou "excitada pela coisa atrevida, levada" do texto.
A montagem brasileira ainda
não se definiu entre três caminhos: a adaptação das referências
irlandesas para o Brasil, a manutenção das mesmas ou a "neutralidade geográfica", como está no
momento. "A leitura será muito
legal para ver como as pessoas vão
reagir", diz a atriz.
No ciclo de leituras da Folha,
"Miss Rainha da Beleza" é a primeira de autor estrangeiro.
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