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TEATRO
Artistas e pesquisadores da França, Inglaterra, Alemanha e Brasil debatem sob o viés histórico, político e estético
Encontro projeta futuro da cena atual
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O pensamento teatral está em
alta. Enquanto o Centro Cultural
São Paulo abriga seminário sobre
o fenômeno dos grupos no país, o
Itaú Cultural realiza, na mesma
cidade, o Próximo Ato, encontro
internacional de teatro contemporâneo com criadores, críticos e
pesquisadores da Alemanha, Inglaterra, França e Brasil.
Entre os participantes estrangeiros estão o crítico britânico Michael Billington, do jornal "The Guardian"; o pensador alemão
Hans-Ties Lehmann, autor do livro "Teatro e Mito"; o diretor e
autor francês Jean-François Peyret, um dos fundadores do Théatre-Feuilleton; o crítico e colunista francês Hugues le Tanneur, do
"Le Monde"; e o dramaturgista e
diretor alemão Matthias Pees, que
já passou pelos teatros Volsksbühne, em Berlim, e Staatstheater,
em Hannover.
O evento inclui brasileiros como os diretores Antônio Araújo
(Teatro da Vertigem) e Sérgio de
Carvalho (Cia. do Latão); o dramaturgo Aimar Labaki; os pesquisadores Renato Cohen e Luiz Fernando Ramos; e os professores Laymert Garcia (Unicamp) e
Iná Camargo Costa (USP).
Eles integram o principal segmento da programação, os debates, cujas mesas dão a medida da perspectiva do encontro: "Mapa
do Teatro Contemporâneo", "Teatro Cidadão", "Teatro Bastardo" e "Teatro Pós-Teatro".
Consulado Geral da França, The
British Council, Instituto Goethe
e Itaú Cultural juntaram-se para
incentivar o diálogo e a reflexão
sobre as perspectivas da cena
atual nos quatro países. O exercício é prospectar o futuro.
Primeiro Ato abre hoje com a
leitura das peças "Le Corps du
Délit", do francês Didier-Georges
Gabily, e "A Refeição", do brasileiro Newton Moreno, pelos atores Marc Bodnard (França) e Luciano Chirolli (Brasil). Amanhã,
Sérgio Ferrara dirige a leitura de
"O Terceiro Setor", da alemã Dea Loher.
Os debates serão marcados pelas tônicas política e histórica. Segundo o pensador alemão Matthias Pees, todo teatro é político.
"Hoje é muito importante como
nós trabalhamos com essa tradição política: não precisamos preservar, mas desenvolver nossas próprias reações e visões, como fizeram os autores progressistas que chamamos de "clássicos" . [O
compositor austríaco] Gustav
Mahler afirmou que "a tradição
não é a adoração da cinza, mas a
transmissão do fogo"."
O viés estético, porém, não será
esquecido, como lembra à Folha
o crítico francês Hugues le Tanneur. "O palco é, talvez, desde
sempre, o que nós chamamos no
teatro de espaço profundamente
devotado à poesia. E isso não somente por meio das palavras."
Entre as atividades paralelas ao
evento, está o lançamento do "Dicionário Laban" (ed. Annablume,
120 págs., R$ 20), da professora e
coreógrafa Lenira Rengel, que
acontece hoje, às 19h30, na sala
Vermelha do Itaú Cultural. Trata
da teoria de movimento criada
pelo austro-húngaro Rudolf Laban (1879-1958).
Também será lançada, ao longo
do encontro, a nova edição da revista "Folhetim", editada pelo
grupo Teatro do Pequeno Gesto.
Destaque para o dossiê sobre teatro francês contemporâneo e entrevista com o diretor Marco Antonio Rodrigues, do Folias d'Arte.
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