UOL


São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TEATRO

Artistas e pesquisadores da França, Inglaterra, Alemanha e Brasil debatem sob o viés histórico, político e estético

Encontro projeta futuro da cena atual

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O pensamento teatral está em alta. Enquanto o Centro Cultural São Paulo abriga seminário sobre o fenômeno dos grupos no país, o Itaú Cultural realiza, na mesma cidade, o Próximo Ato, encontro internacional de teatro contemporâneo com criadores, críticos e pesquisadores da Alemanha, Inglaterra, França e Brasil.
Entre os participantes estrangeiros estão o crítico britânico Michael Billington, do jornal "The Guardian"; o pensador alemão Hans-Ties Lehmann, autor do livro "Teatro e Mito"; o diretor e autor francês Jean-François Peyret, um dos fundadores do Théatre-Feuilleton; o crítico e colunista francês Hugues le Tanneur, do "Le Monde"; e o dramaturgista e diretor alemão Matthias Pees, que já passou pelos teatros Volsksbühne, em Berlim, e Staatstheater, em Hannover.
O evento inclui brasileiros como os diretores Antônio Araújo (Teatro da Vertigem) e Sérgio de Carvalho (Cia. do Latão); o dramaturgo Aimar Labaki; os pesquisadores Renato Cohen e Luiz Fernando Ramos; e os professores Laymert Garcia (Unicamp) e Iná Camargo Costa (USP).
Eles integram o principal segmento da programação, os debates, cujas mesas dão a medida da perspectiva do encontro: "Mapa do Teatro Contemporâneo", "Teatro Cidadão", "Teatro Bastardo" e "Teatro Pós-Teatro".
Consulado Geral da França, The British Council, Instituto Goethe e Itaú Cultural juntaram-se para incentivar o diálogo e a reflexão sobre as perspectivas da cena atual nos quatro países. O exercício é prospectar o futuro.
Primeiro Ato abre hoje com a leitura das peças "Le Corps du Délit", do francês Didier-Georges Gabily, e "A Refeição", do brasileiro Newton Moreno, pelos atores Marc Bodnard (França) e Luciano Chirolli (Brasil). Amanhã, Sérgio Ferrara dirige a leitura de "O Terceiro Setor", da alemã Dea Loher.
Os debates serão marcados pelas tônicas política e histórica. Segundo o pensador alemão Matthias Pees, todo teatro é político. "Hoje é muito importante como nós trabalhamos com essa tradição política: não precisamos preservar, mas desenvolver nossas próprias reações e visões, como fizeram os autores progressistas que chamamos de "clássicos" . [O compositor austríaco] Gustav Mahler afirmou que "a tradição não é a adoração da cinza, mas a transmissão do fogo"."
O viés estético, porém, não será esquecido, como lembra à Folha o crítico francês Hugues le Tanneur. "O palco é, talvez, desde sempre, o que nós chamamos no teatro de espaço profundamente devotado à poesia. E isso não somente por meio das palavras."
Entre as atividades paralelas ao evento, está o lançamento do "Dicionário Laban" (ed. Annablume, 120 págs., R$ 20), da professora e coreógrafa Lenira Rengel, que acontece hoje, às 19h30, na sala Vermelha do Itaú Cultural. Trata da teoria de movimento criada pelo austro-húngaro Rudolf Laban (1879-1958).
Também será lançada, ao longo do encontro, a nova edição da revista "Folhetim", editada pelo grupo Teatro do Pequeno Gesto. Destaque para o dossiê sobre teatro francês contemporâneo e entrevista com o diretor Marco Antonio Rodrigues, do Folias d'Arte.


Texto Anterior: Outra frequência: Alunos da USP montam FM no campus
Próximo Texto: Festival de bonecos: Belo Horizonte acolhe bonequeiros de palco e de rua
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.