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TEATRO
Hersch Basbaum reafirma idéia de uma entidade nacional nos moldes da ABL
Autor esboça academia de dramaturgia
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A idéia vem em banho-maria
desde 2003, mas agora o ex-diretor de marketing da Sociedade
Brasileira de Autores Teatrais
(2000-2003), Hersch Basbaum,
66, também ele inclinado à escrita
para teatro, se diz mais articulado
para a criação da Academia Brasileira de Dramaturgia.
Carrega debaixo do braço o esboço do estatuto da futura entidade que já teria apoio de Renata Pallottini, Lauro César Muniz, Consuelo de Castro, Maria Helena
Küsher e Chico de Assis.
"Na Academia Brasileira de Letras não há dramaturgos desde
que Dias Gomes [1922-99] se foi.
Outros que escreveram teatro e
que lá estão/estiveram não receberam a honraria por terem escrito peças teatrais", diz Basbaum.
Mas é preciso citar o imortal Ariano Suassuna ("O Auto da Compadecida").
Para Basbaum, ainda há quem
encare o teatro como "literatura
menor", porque implica a presença do ator e de outros elementos
para fruí-lo. "De todas as artes, é o
teatro, sem dúvida, quem melhor
apresenta o ethos e o pathos de
uma nação e, no conceito de Norberto Elias [sociólogo alemão,
1897-1990], a que traduz o verdadeiro "animus" da nacionalidade",
escreve Basbaum, que em 2002
organizou um congresso de dramaturgia no teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.
A idéia da ABD, diz, é "imortalizar aqueles que escreveram e consolidaram o nosso teatro, cultuar
a sua obra e a sua pessoa". Mais:
discutir os gêneros, as relações
com o governo, o suporte financeiro, criar um museu de imagem
e som, orientar novos autores, organizar concursos etc.
"Gostaria que a escolha de um
ocupante de uma cadeira, de tempos em tempos, causasse o mesmo frisson que ocorre na ABL",
diz. No momento, ele busca apoio
de entidades e gostaria de sediar a
ABD em algum espaço público
em São Paulo, cidade onde mora.
A idéia repercute. "Não conheço os fundamentos do estatuto,
mas se é para criar um centro de
estudos e de difusão da dramaturgia, acho excelente. Agora, a ser
um lugar onde se sepultam imortais, não vejo nenhum sentido",
diz o dramaturgo Alcione Araújo,
55, que integra o conselho diretor
da Sbat, sediada no Rio.
"Em princípio, nada contra,
mas há muito a se fazer pela dramaturgia brasileira antes de fundar uma academia. Como incentivar novos autores, montar novos textos, formar novas platéias e
divulgar esses trabalhos. O teatro
é mais vivo do que se imagina, e a
formação de uma academia pode
fortalecer justamente a idéia contrária", diz Samir Yazbek, 37.
"Muitos autores regionais importantes são pouco conhecidos
no eixo Rio-São Paulo e uma academia brasileira lhes daria projeção. Faço votos de que ela vá para
frente", diz Maria Helena Kühner,
do Rio. "Se existe a ABL, por que
não a ABD? As pessoas dão grande importância a esse tipo de entidade, mas é preciso consenso nacional", diz Chico de Assis, 71, que
integrou os históricos seminários
de dramaturgia do Teatro de Arena em São Paulo, nos anos 50 e 60.
"No momento, a dramaturgia
brasileira está procurando um caminho. Já teve um, que perdeu em
1964: o brilhante caminho em que
buscou o homem e o fato brasileiros", diz Assis. Seria a academia
uma vereda da salvação?
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