São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2000


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Cascella dá a volta ao mundo com suas paisagens

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nova York, Paris, Roma, Londres. Estas são apenas algumas das cidades que se tornaram paisagens nos quadros do pintor italiano Michelle Cascella (1892-1989), tema da exposição que abre hoje, no Memorial da América Latina.
"Podemos chamar a obra de Cascella de modernismo moderado, pois, depois da ruptura das vanguardas, no início do século 20, ele viveu entre modernidade e tradição", diz Fábio Magalhães, presidente do Memorial.
Para a exposição em São Paulo, Magalhães descobriu duas obras que pertencem a coleções paulistas: da Pinacoteca do Estado de São Paulo e de José Mindlin.
Elas foram adquiridas em 1913, quando Cascella e seu irmão Tommaso expuseram 90 obras no salão da rua São Bento. Foi uma exposição concorrida, metade das obras foi vendida. Tommaso chegou a vir ao Brasil para a exposição, que ocorreu logo após a de Segall, na mesma galeria.
"Essas duas exposições certamente causaram impacto, apesar de a exposição de Anita Malfatti, em 1917, ser considerada o grande marco do início do modernismo no Brasil", conta Magalhães.
Já aos 16 anos, em 1909, Cascella expôs em Paris com seu irmão e recebeu ótimas críticas. Mas foi nos anos 30 que o artista ganhou destaque, quando uma de suas obras foi adquirida para a coleção do museu do Jeu de Paume, em Paris. Nessa época, 72 mil artistas viviam na capital francesa, e obter destaque nesse período era uma proeza para poucos.
O artista é considerado um dos maiores paisagistas da Itália. O pintor Giorgio de Chirico chegou a escrever que "Cascella é um dos poucos que acordam em nós a nostalgia do paraíso perdido".
No ótimo catálogo que acompanha a exposição, Vittorio Sgarbi, outro curador, explica a razão do hibridismo da obra de Cascella: "Sua arte era, antes de tudo, para o público". Para Sgarbi, as pinturas do italiano apresentam uma "redução do estilo a temas constantes e características formais uniformes, na tentativa de alcançar uma arte mais moderna e ao mesmo tempo de fácil compreensão".
Organizada pelo Ministério das Relações Exteriores da Itália, a exposição segue, depois, para Argentina, México e Estados Unidos.


Exposição: Michelle Cascella: Obras 1907-1987 Abertura: hoje, às 19h Quando: de ter. a dom., das 9h às 18h; até 23 de julho Onde: Memorial da América Latina -Galeria Marta Traba de Arte Latino-Americana (av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. 0/xx/11/3823-9611) Quanto: entrada franca

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