São Paulo, Segunda-feira, 28 de Junho de 1999
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VÍDEO


Um drama inglês de um lado e uma comédia norte-americana do outro tratam da fixação doentia de personagens aparentemente comuns
Uma Loucura de Casamento

especial para a Folha

"Esperei 27 anos para esse casamento e nada vai impedir que ele aconteça", declara Cameron Diaz no papel de Laura Garrety, mostrando-se capaz de passar por cima de qualquer obstáculo para que seu sonho se realize.
Ela não é a única. Cada personagem tem uma fixação neurótica que é revelada aos atropelos. Uma semana antes do casamento, cinco amigos (Christian Slater, Daniel Stern, John Favreau, Jeremy Piven e Leland Orser) viajam a Las Vegas para participar de uma despedida de solteiro.
Durante a festa -que inclui jogos em cassino e farra num quarto de hotel-, um dos rapazes pega pesado com cocaína e mata acidentalmente a "striper" que animava a turma.
Liderados por Boyd (Slater), eles resolvem não ligar para a polícia e enterrar o corpo no deserto.
O segurança do hotel entra no quarto por causa do barulho e vê o crime. Com a idéia fixa de que deve acobertar a morte, Boyd mata o segurança e desencadeia discussões e pânico entre os amigos.
Boyd e Laura conduzem a trama obstinados em realizar suas metas e revelam a loucura de personagens aparentemente comuns.
Quando o espectador acredita que não há como a situação piorar para os personagens, aparecem mais sangue, mortes e acidente de carro.
"Uma Loucura de Casamento" marca a estréia do ator Peter Berg na direção. Ele é o herói da série televisiva e bem-intencionada "Chicago Hope" -e há quem diga que o humor negro de "Uma Loucura de Casamento" seja o contraponto.
Berg acaba discutindo a ética da ousadia, do atrevimento e da defesa radical de objetivos na sociedade norte-americana. Mas também contribui para engordar a safra de filmes pesados, carregados de preconceito e de individualismo possessivo, participando do lote de filmes de mau gosto disponíveis nas locadoras. (CV)


Avaliação:  


Título Original: Very Bad Things Produção: EUA, 1998, 101 min. Direção: Peter Berg Com: Cameron Diaz, Christian Slater, Daniel Stern e John Favreau


Desejo Você

CAMILA VIEGAS

especial para a Folha

O drama "I Want You", do promissor diretor britânico Michael Winterbottom, exibido no 14º Rio Cine Festival no ano passado, chega agora às locadoras com o título "Desejo Você".
O filme conta a história de Helen (a bela Rachel Weisz), uma mulher frígida que trabalha como cabeleireira numa pequena cidade da costa britânica.
"Desejo Você" revela lentamente a obsessão de seu ex-namorado Martin (Alessandro Nivola) que, depois de passar oito anos na cadeia, põe sua liberdade condicional em risco para reconquistá-la.
Helen também atrai Honda (Luka Petrusic), um adolescente introspectivo e carinhoso que não fala desde que encontrou a mãe morta em uma banheira. Numa espécie de contrabalanço, Honda grava compulsivamente os diálogos e os encontros sexuais das pessoas com quem convive.
Curiosamente, é ele quem comunica o enredo da história ao descobrir as causas do obscuro assassinato que incriminou Martin e travou Helen. Outra personagem importante é sua irmã Smokey (Labina Mitevsla), que canta à noite num pub e mantém diálogos reveladores com Martin.
Ao contrário de "Uma Loucura de Casamento" (leia texto ao lado), a obsessão, de certa maneira, enobrece o personagem. Mas o roteiro de Eoin McNamee reserva destino duro aos obcecados com punições de morte e exílio.
"Desejo Você" é o quarto trabalho de Winterbottom. Ele volta a tratar do amor desmedido e da violência, presentes em seu elogiado filme de estréia, "O Beijo da Borboleta" (93). Aliás, em "Desejo Você", ele faz até uma reverência ao "Assassinos por Natureza", de Oliver Stone, numa pequena cena doméstica.
Depois de "O Beijo", o diretor filmou "Jude" (94), o político "Bem-Vindo a Sarajevo" (97), "Go Now" (98) e os recentes "Untitled Love Story" e "Old New Borrowed Blue", ainda inéditos no Brasil.


Avaliação:    




Título Original: I Want You Produção: Inglaterra, 1998, 88 min.
Direção: Michael Winterbottom
Com: Rachel Weisz, Alessandro Nivola


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