São Paulo, sexta, 28 de agosto de 1998

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Ivan Reitman é especialista em comédias

especial para a Folha, em Maui

Com uma história de vida dramática, que inclui a fuga da então Tchecoslováquia aos cinco anos, o diretor Ivan Reitman construiu carreira no cinema garantindo comédias de sucesso nos últimos dez anos.
Títulos como "Os Caça-Fantasmas" e "Gêmeos" fizeram a publicação "Variety" homenageá-lo com o terceiro título de "Diretor de US$ 1 Bilhão" das seis décadas de existência do periódico.
Com notória preferência por comédias fáceis, o diretor falou, em entrevista sobre "Seis Dias, Sete Noites", do assédio da imprensa ao filme após Anne Heche ter revelado sua homossexualidade no início das filmagens.

Folha - Ter um ator famoso como Harrison Ford no papel principal garante o sucesso do filme?
Ivan Reitman -
A química entre os atores é o que garante o sucesso do filme. O personagem masculino é muito marcante, e quando Harrison Ford aceitou fazer o papel foi um grande desafio encontrar uma atriz que não ficasse à sua sombra. Anne Heche fez um teste e logo descobriu um jeito muito peculiar de enervá-lo que é muito engraçado, muito corajoso.
Folha - O sr. reescreveu os diálogos após ter visto a química entre eles ou após Heche ter assumido publicamente que é lésbica?
Reitman -
Não por causa disso. Todos os meus filmes mudam durante as filmagens. A cada noite, escrevo um pouquinho mais. A cena em que os piratas os encontram, e ela diz que tem ouro, por exemplo, não estava no roteiro original.
Folha - Como o sr. ficou sabendo sobre a decisão dela de discutir publicamente sua opção sexual?
Reitman -
Sempre foi um rumor em Hollywood, e quando ela foi fazer o teste eu já sabia. Mas achei que não era nada de mais. Chegamos a conversar sobre o assunto após eu contratá-la.
Folha - Seu interesse é fazer apenas comédias?
Reitman -
Não é bem assim. Quando você faz filmes, precisa encontrar uma linguagem própria, e essa se tornou minha linguagem. Talvez conforme eu for envelhecendo e me tornando mais sensato, possa trabalhar em filmes mais complicados e talvez até menos engraçados.
Folha - O sr. tem planos de retornar à República Tcheca?
Reitman -
Não voltei desde que tinha cinco anos. Mas quero fazer um filme lá. Ainda não me senti inclinado a voltar, pois acho que não me sentiria à vontade. Quero filmar a história de como meus pais e eu fugimos. Fomos presos embaixo de tábuas no fundo de um barco de madeira e fomos até Viena. De lá, fomos para a França e finalmente para o Canadá, onde cresci. (AG)



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