São Paulo, sexta, 28 de agosto de 1998

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"Minha vida é uma novela de televisão"

ADRIANE GRAU
especial para a Folha, em Maui, Havaí

A descontração do verão na ilha havaiana de Maui parece não afetar o ator Harrison Ford.
Ele se mostra defensivo e comedido ao falar sobre seu papel em "Seis Dias, Sete Noites".
Falando devagar, sorri pouco, procura respostas evasivas e deixa claro que não gosta da imprensa. Leia, a seguir, alguns trechos da entrevista que o ator concedeu a jornalistas estrangeiros sobre o filme que estréia hoje.

Folha - É verdade que o senhor só faz filmes durante o verão para evitar ficar longe de seus filhos?
Ford -
É muito diferente em cada caso. Vou começar a filmar em setembro quando meus filhos voltarem às aulas, por exemplo. Mas as filmagens acontecem em Nova York, e eu posso ficar em casa e dormir em minha própria cama.
A parte mais difícil dessa profissão é ter de ficar longe de casa por muito tempo. Meus filhos têm oito e 11 anos, e eu quero passar a maior parte do tempo possível com eles.
Folha - O senhor acaba de mencionar que prefere dormir em sua própria cama. O diretor Ivan Reitman, no entanto, conta que a equipe de "Seis Dias, Sete Noites" estava preparada com sacos de dormir e barracas para acampar, se fosse necessário. Seria um problema para você dormir na mata, mesmo que apenas por uma noite?
Ford -
Não. Eu faria tal coisa de propósito. Mas estou surpreso com o fato de ter existido tal possibilidade.
Folha - Sendo um piloto na vida real, foi sua a opção de conduzir o avião no filme?
Ford -
Bom, eu sabia que faríamos melhores cenas se fosse assim, se eu pilotasse o avião. Poderíamos mostrar personagens e ao mesmo tempo incluir o céu como cenário. Dá para ver que sou eu, e isso mostra a confiança, facilidade e identificação que o personagem tem com o avião.
Folha - Como foi seu trabalho com a atriz Anna Heche?
Ford -
Acho que foi um trabalho intelectual. Anne foi muito esperta ao reconhecer a natureza de sua personagem e trabalhou na contramão das escolhas convencionais quando decidiu o que queria fazer.
Ela é muito combativa e se apresenta como igual.
Folha - Por que o senhor não aceita fazer papéis pequenos?
Ford -
Porque decidi que passo alguns meses por ano fazendo um filme. E esse é o meu trabalho. Tais filmes menores não são o que faço. Quando me dedico a um filme, faço um que seja de verdade.
Folha - Mas o senhor não tem nada contra aparecer em comerciais de cerveja e telefones celulares no Japão...
Ford -
Naquele país não há o estigma de fazer comerciais. Nos Estados Unidos, as pessoas pensam que você está com dificuldades em fazer filmes se aparece num comercial. Mas é principalmente pelo dinheiro.
Folha - O senhor acha que a vida é uma comédia?
Ford -
Não penso em reduzir a vida a um formato dramático. Acho que a vida é engraçada num dia, dramática e, depois, melodramática nos dias seguintes.
Folha - O que é sua vida hoje?
Ford -
Uma novela de televisão.


A jornalista Adriane Grau viajou para Maui a convite dos estúdios Buena Vista



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