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"Minha vida
é uma novela
de televisão"
ADRIANE GRAU
especial para a Folha, em Maui, Havaí
A descontração do verão na ilha
havaiana de Maui parece não afetar o ator Harrison Ford.
Ele se mostra defensivo e comedido ao falar sobre seu papel em
"Seis Dias, Sete Noites".
Falando devagar, sorri pouco,
procura respostas evasivas e deixa
claro que não gosta da imprensa.
Leia, a seguir, alguns trechos da
entrevista que o ator concedeu a
jornalistas estrangeiros sobre o filme que estréia hoje.
Folha - É verdade que o senhor
só faz filmes durante o verão para
evitar ficar longe de seus filhos?
Ford - É muito diferente em cada caso. Vou começar a filmar em
setembro quando meus filhos voltarem às aulas, por exemplo. Mas
as filmagens acontecem em Nova
York, e eu posso ficar em casa e
dormir em minha própria cama.
A parte mais difícil dessa profissão é ter de ficar longe de casa por
muito tempo. Meus filhos têm oito
e 11 anos, e eu quero passar a maior
parte do tempo possível com eles.
Folha - O senhor acaba de mencionar que prefere dormir em sua
própria cama. O diretor Ivan Reitman, no entanto, conta que a equipe de "Seis Dias, Sete Noites" estava preparada com sacos de dormir
e barracas para acampar, se fosse
necessário. Seria um problema para você dormir na mata, mesmo
que apenas por uma noite?
Ford - Não. Eu faria tal coisa de
propósito. Mas estou surpreso
com o fato de ter existido tal possibilidade.
Folha - Sendo um piloto na vida
real, foi sua a opção de conduzir o
avião no filme?
Ford - Bom, eu sabia que faríamos melhores cenas se fosse assim, se eu pilotasse o avião. Poderíamos mostrar personagens e ao
mesmo tempo incluir o céu como
cenário. Dá para ver que sou eu, e
isso mostra a confiança, facilidade
e identificação que o personagem
tem com o avião.
Folha - Como foi seu trabalho
com a atriz Anna Heche?
Ford - Acho que foi um trabalho intelectual. Anne foi muito esperta ao reconhecer a natureza de
sua personagem e trabalhou na
contramão das escolhas convencionais quando decidiu o que queria fazer.
Ela é muito combativa e se apresenta como igual.
Folha - Por que o senhor não
aceita fazer papéis pequenos?
Ford - Porque decidi que passo
alguns meses por ano fazendo um
filme. E esse é o meu trabalho. Tais
filmes menores não são o que faço.
Quando me dedico a um filme, faço um que seja de verdade.
Folha - Mas o senhor não tem nada contra aparecer em comerciais
de cerveja e telefones celulares no
Japão...
Ford - Naquele país não há o estigma de fazer comerciais. Nos Estados Unidos, as pessoas pensam
que você está com dificuldades em
fazer filmes se aparece num comercial. Mas é principalmente pelo dinheiro.
Folha - O senhor acha que a vida
é uma comédia?
Ford - Não penso em reduzir a
vida a um formato dramático.
Acho que a vida é engraçada num
dia, dramática e, depois, melodramática nos dias seguintes.
Folha - O que é sua vida hoje?
Ford - Uma novela de televisão.
A jornalista
Adriane Grau viajou para Maui a
convite dos estúdios Buena Vista
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