São Paulo, sexta, 28 de agosto de 1998

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ACONTECE NO RIO

Universo feminino é sucesso de bilheteria

JUDITH MORAES
free-lance para a Folha

Versões do universo feminino, retratadas pelas peças "Somos Irmãs" e a "A Dona da História", são sucesso de público no Rio e vão comemorar cem apresentações na próxima semana.
Nos dois espetáculos, as vidas de mulheres são dissecadas, mostrando as escolhas que fizeram e os reflexos disso em seus futuros.
As peças devem ser levadas para São Paulo a partir de março e abril do ano que vem, respectivamente.
O musical "Somos Irmãs", que já foi visto por 31 mil pessoas, atualmente em cartaz no teatro Ginástico (centro do Rio de Janeiro), conta a ascensão e decadência das irmãs Batista, Linda e Dircinha, rainhas da era de ouro do rádio no Brasil (leia texto nesta página).
A comédia "A Dona da História" faz o público refletir junto com a personagem, mulher de 50 anos que revê sua vida e reavalia suas decisões dos tempos de juventude. O espetáculo já atraiu 40 mil pessoas para o Teatro do Leblon (zona sul).
Suely Franco e Nicette Bruno são as atrizes de "Somos Irmãs", com direção de Ney Matogrosso e Cininha de Paula. O musical tem gerado filas constantes na bilheteria.
As apresentações são realizadas às 19h30, fator que, somado ao preço de R$ 15, faz parte da fórmula que contribui para atrair o público.
A bilheteria abre todos os dias às 14h, mas por volta do meio-dia começa a chegar gente para garantir seu ingresso.
Maria Estela da Silva, 71, chegou antes das 12h na última terça-feira e conseguiu quatro lugares para a próxima quinta.
Ela acompanhou o auge das irmãs Batista na sua juventude e acha que o sucesso da peça vem do fato de ela aliar "talento com emoção", história e música.
"Essa peça só podia ter uma boa receptividade. Duas atrizes excelentes, interpretando duas figuras da música brasileira que viveram o glamour e a decadência. Interessa não só a quem viveu a época, como a jovens curiosos por nossa história", afirmou Maria Estela.
O êxito de "Somos Irmãs" criou o projeto de um longa-metragem com o mesmo elenco. A produtora Cinthya Graber quer realizar o filme "para o mercado internacional".
O espetáculo teve sete indicações para o prêmio Shell de teatro. Duas para a categoria melhor atriz, além de direção, cenário (Hélio Eichbauer), figurino (Claudio Tovar), iluminação (Ney Matogrosso e Enor Fonseca) e texto (Sandra Louzada), categoria na qual está concorrendo também João Falcão, autor e diretor de "A Dona da História".
Essa comédia foi escrita especialmente para duas atrizes, Marieta Severo e Andréa Beltrão, cujos nomes servem como um dos elementos que atraem público de várias faixas de idade ao Teatro do Leblon.
A estudante Mariana Lima, 23, levou sua mãe, Lourdes Lima, 50. Para ela, o sucesso do espetáculo se deve "ao fato de que faz pensar sobre o livre-arbítrio", suas consequências e responsabilidades.
"É interessante ver que decisões banais, como ir ou não a uma festa, podem mudar o rumo de nossas vidas", disse Mariana, que comprou sua entrada com duas semanas de antecedência.



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