São Paulo, sexta, 28 de agosto de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice MULTIMÍDIA Frases da artista nova-iorquina serão vistas e ouvidas nas TVs, rádios, painéis eletrônicos, Internet e na Folha Jenny Holzer está hoje por toda a parte
FERNANDO OLIVA da Redação A artista nova-iorquina Jenny Holzer é uma mulher de frases curtas e óbvias, tal como as duas que podem ser lidas nesta página. É dessa maneira que ela vai bombardear hoje a população de São Paulo, e dessa maneira ela respondeu às questões da entrevista que concedeu à Folha, anteontem, por e-mail (correio eletrônico). Como resposta à pergunta "Você acha que a palavra ainda tem o poder de tocar as pessoas e, especialmente, os jovens?", disse apenas: "Essa é minha esperança". Pergunta: "Qual a importância de um trabalho de resistência, como o seu, que atua dentro da mídia para criticá-la?". Resposta: "Oferecer uma alternativa". Será quase impossível ficar imune aos petardos de Holzer. Se você assistir televisão, ouvir rádio, ler o jornal, tiver um computador ligado à Internet ou simplesmente sair à rua, deve ser atingido por frases do tipo: "Preguiça mental piora com o tempo". Ou: "A propriedade privada criou o crime". São cinco canais de TV (inserções de dez segundos cada, uma por hora), três estações de rádio (uma ou duas frases ditas a cada hora) e 31 painéis eletrônicos espalhados pela cidade (em cada um, Holzer entra de dois em dois minutos). Além da Internet (pelo Universo Online) e das 21 frases publicadas na Ilustrada. O projeto tem o apoio cultural da Folha, que cedeu espaço para a obra. A convite do Instituto Itaú Cultural, a artista está em São Paulo desde anteontem, participando do evento "Fluxos Urbanos". Desde 1977 Holzer desenvolve esse tipo de intervenção urbana, batizada "Truísmos", sinônimo para uma verdade tão evidente e trivial que nem é necessário dizê-la. Essa é a primeira vez que suas frases ganham ruas e invadem casas em português. Também é a estréia de um trabalho de Holzer, nessas dimensões, no Brasil. Questionada sobre a provável confusão entre os "Truísmos" e a overdose de informação publicitária que assola qualquer metrópole, Holzer concedeu alongar-se um pouco mais. "Eu acho que minhas frases vão aparecer porque seu conteúdo é muito diferente da publicidade. Eu gosto da confusão momentânea entre minhas frases e a publicidade, porque colocam meus textos no mundo real." Mas por que a overdose, concentrada em uma cidade, em um único dia? "Eu quero alertar as pessoas sobre como somos alimentados de informação, e estou disposta em ser o inimigo, se eu puder servir como alerta. O excesso é uma forma de alerta", respondeu. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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