São Paulo, sexta, 28 de agosto de 1998

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OPINIÃO

'Truísmos' foram cooptados

MARIA ERCILIA
Editora de Internet

As frases de Holzer são atraentes, provocantes, mas digestivas, fáceis de assimilar. Entram em choque com a cultura de massas, que ocupa a paisagem com estímulos ao consumo e à perpetuação de estereótipos. Estão entre os exemplos de uma arte/guerrilha que ironiza a mídia.
Resta saber se esse tipo de intervenção ainda tem impacto suficiente. Uma instalação da artista em 96, no Guggenheim/Soho de Nova York, consistia em uma sala ocupada por luminosos em verde e vermelho, em que slogans deslizavam continuamente. Essa exposição já tinha um ar meio datado, os "Truísmos" tinham perdido parte da força.
O trabalho de Holzer funcionava por ser inesperado e brigar com o contexto. Mais de 20 anos depois, o elemento surpresa se perdeu. Hoje objetos com os "Truísmos" são vendidos, já se tornaram parte do mundo do consumo. Holzer enfrenta um paradoxo: ao serem encerrados em galerias, eles perdem o contexto, já não se pode pretender que estejam provocando um choque na percepção. Depois de assimilados, se tornam parte da paisagem de consumo que pretendem colocar em curto-circuito. Hoje, têm sua própria etiqueta na indústria cultural.



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