São Paulo, sexta, 28 de agosto de 1998

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GASTRONOMIA

Chefs vão à mesa do 'concorrente'

CRISTIANA COUTO
especial para a Folha

Luciano Boseggia almoça no restaurante do compatriota Luigi Tartari, que vai ao Almanara, enquanto a baiana Dadá aterrisa no prato francês de Emmanuel Bassoleil, que degusta um hambúrguer no Uncle Bob.
Quando o chef sai da cozinha para sentar à mesa, a ciranda gastronômica começa. Sete chefs contaram à Folha quais os pratos e restaurantes que preferem além de sua própria comida. Por trás de cada sabor do concorrente, há uma lembrança familiar.
Os italianos Tartari (do Tartari's) e Boseggia (Fasano) não só prestigiam um ao outro há anos como conversam em dialeto -Luciano vem de uma cidade próxima a Cremona, onde nasceu Luigi.
Luigi acha que o companheiro está "magrinho" e manda à mesa uma massa recheada com ricota, provolone e beterraba. Sempre que vai ao Fasano, pede a Luciano para soltar um risoto. "O risoto de rã me faz voltar à infância."
A baiana Dadá nunca comeu pato fora de casa. Até ir ao Roanne de Emmanuel Bassoleil. "Acabou a minha cisma. Pato é comida de minha mãe, que fazia o bichinho ensopado com feijão verde. Ela dizia: "Pato e galinha tem que estar bem lavados, senão estão vivos.'"
O alemão Yan Yansen, do Filomena, esquece a comida rústica de sua terra e aprecia o foie gras preparado por Deff Haupt, de O Leopolldo. Mas contraria os avisos do colega e prepara pratos pouco usuais, como o salmão com lula, shitake e beterraba.
Quer pelo contato diário ou por curiosidade, a escolha gastronômica de alguns chefs é inversamente proporcional à própria especialidade.
Em São Paulo, Dadá passeia pela cozinha francesa. "Tenho paladar apurado, gosto da carne bem temperada e dos molhos franceses. Comida baiana, só a minha."
Bassoleil não tem dúvida: come o hambúrguer do Uncle Bobs após fechar seu restaurante, ou os peixes grelhados do Sushizen.
Outro lugar que aprecia é o bar Morro de São Paulo, na Vila Olímpia. "Nunca vou a um restaurante francês, gosto de sair do meu dia-a-dia e ir a lugares descontraídos", explica Bassoleil.
Lindinha Sayon, do Dolce Villa, já chegou a viajar 300 km na Itália atrás de um restaurante. Por aqui, opta por pratos leves, como os da cozinha mediterrânea que pratica: a alcachofra com molho de iogurte do Arábia e a torre de bacalhau do Manacá, em Boiçucanga.
De partida para trabalhar em Milão, o chef de cozinha asiática Edo Komori faz um tour pelos pratos afrodisíacos. "A sensação das ovas de salmão com gema de ovo foi maravilhosa."

Restaurantes: Tempero da Dadá (r. Amauri, 282, Itaim, tel. 282-4990); Filomena (r. Primavera, 284, Jd. Paulista, tel. 887-5743); Dolce Villa (r. Pedroso Alvarenga, 554, Itaim, tel. 3061-9882)



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