da Reportagem Local

"Negro safado". Essa foi uma das expressões que mais chocou uma parte do público em uma das poucas cenas de racismo explícito mostrada em uma novela brasileira, no caso "Pátria Minha" (94), escrita por Gilberto Braga.
Na cena, Raul Pelegrini (Tarcísio Meira) maltrata e xinga seu empregado, o jardineiro vivido por Alexandre Moreno. A reação foi imediata: movimentos negros protestaram e ameaçaram entrar na Justiça contra o autor.
Braga diz que escreveu a cena de propósito: acredita que mostrar o preconceito abertamente poderia ajudar a mudar a forma como são tratados os negros no Brasil, "um país muito racista, porque o que existe é preconceito velado".
Outra forma de tratar a questão seria criar situações em que o racismo aparece claramente como fez pela primeira vez em 1985, na novela "Corpo a Corpo", na qual aparece um casal misto interpretado por Zezé Motta e Marcos Paulo, que sofre a oposição do pai dele, vivido por Hugo Carvana.
A reação do público foi mais racista do que ele esperava: recebeu muitas cartas pedindo que ele acabasse com o namoro. Em contrapartida, foi homenageado pela Câmara do Rio por iniciativa de Benedita da Silva. (CGF)




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