São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2001

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"GOSTOSA LOUCURA"

Atriz encerra fase adolescente

Divulgação
Kirsten Durnst e Jay Hernandez, o casal de "Gostosa Loucura"


FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

São 30 filmes no currículo, o que faz da americana Kirsten Dunst uma veterana em Hollywood apesar de ter apenas 19 anos. Talvez por isso ela tenha se determinado a nunca mais trabalhar no gênero teen. "Gostosa Loucura", diz ela, é aquele projeto que encerra a fase adolescente da sua precoce e bem-sucedida carreira ("Bring It on", "As Virgens Suicidas", entre outros ). "Os filmes para jovens não têm substância", disse ela à Folha.
"Os estúdios têm medo de investir em projetos de temas mais pesados, especialmente os voltados ao mercado adolescente", explicou a menina, que entrou em nossas vidas em "Entrevista com o Vampiro", de 1994.
O que a atraiu para o papel de Nicole em "Crazy" foi o perfil desequilibrado da personagem, uma menina rica, perturbada pelo suicídio da mãe e entregue às drogas. "Precisava mostrar um lado diferente e deixar de ser aquela garota doce e sexy que os filmes teen teimam em estereotipar. Espero nunca mais ser essa menininha meiga e sensual", disse.
Para mostrar que estava mesmo disposta, Dunst pediu aos produtores para ser dispensada dos encontros diários com maquiadores e cabeleireiros. "Queria mostrar o pior em mim."
Para melhor absorver o estilo rebelde-deprê de Nicole ("Não tenho nenhuma das características dela, me dou superbem com meus pais e não poderia ser uma adolescente menos problemática", afirmou), Dunst entrou em um estado destrutivamente dark durante as 24 horas do dia.
"Ainda que tenha evitado usar drogas, coisa que aliás nunca fiz, tive que buscar lá longe meu lado obscuro e sombrio e deixar que ele aflorasse frente às câmeras."
O resultado foram semanas de depressão induzida que acabaram afetando o relacionamento que tem com os pais. "Trancava-me no quarto no maior baixo-astral e não queria que eles me tirassem do lugar", disse.
Para o diretor John Stockwell, saber que Dunst queria o papel foi uma surpresa. "Fui encontrá-la no Canadá, onde ela rodava outro filme, e me deparei com uma menina doce, bem vestida, uma menina que jamais poderia ser adequada para o papel."
Mas Dunst estava determinada. "Não poupo esforços e, se for preciso, entro em um avião para encontrar aquele que seleciona o elenco, fazer um teste e mostrar que sei do que estou falando", afirma a garota. E foi exatamente isso o que ela fez com Stockwell.
"Dias depois daquele nosso encontro, Dunst se mandou para Los Angeles, onde eu estava, e, desarrumada, sem maquiagem e com o cabelo bem curto, começou a representar Nicole. Foi brilhante", contou o diretor.
Para Dunst, a única coisa que não vale é nudez. "Não vejo como um diretor vá me convencer a tirar a roupa em cena", afirma ela, que se recusou a aparecer nua em "Crazy". "A cena não contribuía em nada com a história. Era apenas uma vã tentativa de deixar a trama mais arriscada", explicou.
Agora, no horizonte da menina estão "Homem-Aranha" e a vida de Marion Davies, os primeiros filmes do resto de sua carreira. (MILLY LACOMBE)

GOSTOSA LOUCURA - Crazy/Beautiful. Direção: John Stockwell. Produção: EUA, 2001. Com: Kirsten Dunst e Jay Hernandez. Quando: a partir de hoje nos cines Anália Franco, Eldorado e circuito.


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