DA REPORTAGEM LOCAL

O francês Victor Hugo nasceu em 26 de fevereiro de 1802. Isso faz então, deste ano, um bicentenário para as letras francesas, e um dos mais novos e comentados biógrafos do escritor, Jean-Marc Hovasse, estará na próxima semana em São Paulo para falar sobre o que deve ser celebrado.
Hovasse, em entrevista à Folha na última segunda (antes de partir para palestras pelo país), explicou a fascinação por Hugo de maneira direta: "De início, porque é o maior escritor da França". Algo analisado por ele em "Victor Hugo" (ed. Fayard, 44,50 euros, www.amazon.fr).
Ele cita alguns exemplos: "Quando fez 80 anos, milhares de pessoas desfilaram diante de sua janela". Em seu enterro, compareceram dois milhões", diz.
Mas, para Hovasse, muito de Hugo é ainda desconhecido; sobretudo, a poesia. "Ele sofre, como todos autores do século 19, de um desconhecimento trágico de sua poesia. Mas os poemas são uma parte imensa da obra."
Assim, parece haver um mesmo Hugo com textos que se repetem. Hovasse acredita que "quando falamos de "Os Miseráveis" e "Notre-Dame de Paris", é sempre a partir de filmes e musicais".
E sobre sua atuação política, o quanto resta? "É isso o que está sendo privilegiado hoje, nas comemorações, diz Hovasse. "Seu lado engajado e visionário, seus textos sobre a Europa, sobre a União Européia. Uma realidade que estamos vivendo hoje." Victor Hugo, um autor moderno.

Lançamentos
A editora Cosac & Naify, em co-edição com a Casa da Palavra, prepara para novembro o relançamento de "Os Miseráveis". A obra, em dois volumes, será ilustrada com aquarelas criadas pelo próprio Hugo. A Estação Liberdade oferece "O Último Dia de um Condenado" (200 págs; R$ 22). O livro é um quase panfleto contra a pena de morte. Nas livrarias na terça-feira. (MARCELO REZENDE)