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crítica
Comédia é amontoado de clichês
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Buscar em uma narrativa popular situações para uma
produção que almeja um
público de massa é uma
operação tão simples como 2 + 2 = 4. É desse cálculo que parte "O Homem
que Desafiou o Diabo" em
sua tentativa de constituir
um filme brasileiro com
ambições comerciais.
Adaptado de um romance de Nei Leandro de Castro, o longa, com direção
(mais correto seria dizer
falta de direção) de
Moacyr Góes, descreve as
aventuras de um caixeiro-viajante. Trata-se de uma
sucessão de esquetes em
que se explora o caráter picaresco do herói, vivido
por Marcos Palmeira.
O que se pretende é oferecer um produto de entretenimento leve e despretensioso que assume
como referência o sucesso
da adaptação de "O Auto
da Compadecida", de Ariano Suassuna, por Guel Arraes. A solução aqui utilizada ainda inclui a presença do erotismo, seguindo a
fórmula que "mulher pelada atrai público".
Nada há de errado nos
esforços de sedução de público. A questão que o filme impõe é em relação aos
limites do que se considera popular. Ela parte do
preconceito que supõe
que, para se estabelecer
uma comunicação máxima com as platéias, seja
necessário subestimar as
exigências que levam o público ao cinema.
O que se vê na tela, por
conseqüência, é um filme
movido à força de clichês.
O Nordeste, eterno manancial de mitologias nacionais, volta a ser tratado
como um amontoado de
estereótipos. E as personagens femininas parecem permanecer em cena
apenas o tempo suficiente
para tirar a roupa.
É a recorrência dessa
fórmula que conduz "O
Homem que Desafiou o
Diabo" ao patamar, hoje
ultrapassado pelo cinema
brasileiro, da pornochanchada, só que sem o charme da cafonice.
O HOMEM QUE DESAFIOU
O DIABO
Direção: Moacyr Góes
Produção: Brasil, 2007
Com: Marcos Palmeira e Fernanda Paes Leme
Onde: em cartaz nos cines Espaço Unibanco 2, Metrô Tatuapé 1
e circuito
Avaliação: péssimo
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