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Câncer mata o ator Paul Newman, 83
Norte-americano chegou ao estrelato com o papel de boxeador herdado de James Dean em "Marcado pela Sarjeta"
Entre seus mais de 50 filmes, levou o Oscar de melhor ator por "A Cor do Dinheiro", em 1987, além de outras duas estatuetas honorárias
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
O ator, diretor e ativista americano Paul Newman morreu
de câncer na última sexta-feira
em seu rancho em Westport,
Connecticut, segundo sua assessoria. Ele tinha 83 anos.
Newman, que trabalhou em
mais de 50 filmes, foi indicado a
nove Oscars e conquistou três
-um deles de melhor ator.
Sua batalha contra o câncer
já era conhecida; em maio, ele
abandonou planos de dirigir
"Ratos e Homens", baseado no
clássico de John Steinbeck, citando problemas de saúde.
Paul Leonard Newman nasceu em 26 de janeiro de 1925
em Shaker Heights, Ohio. Filho
de um negociante de artigos esportivos, se interessou por
atuar após deixar a Marinha.
Ele estudou teatro na Universidade Yale e no Actors Studio,
em Nova York. Ajudado pela
beleza clássica, que ele mesmo
dizia explorar "desavergonhadamente", estreou no cinema
em "O Cálice Sagrado" (1954).
O estrelato chegou um ano e
meio depois, quando herdou de
James Dean -morto em um
acidente de carro pouco antes- o papel de Rocky Graziano em "Marcado pela Sarjeta".
Olhos castanhos
Apesar do sucesso rápido, ele
demorou a ser levado a sério, o
que ele creditava à sua beleza e
famosos olhos azuis. "Já posso
ver meu epitáfio: "Aqui jaz Paul
Newman, que morreu um fracassado porque seus olhos ficaram castanhos'", afirmou.
Ele foi comparado incontáveis vezes a James Dean e Marlon Brando, nem sempre para
seu benefício. Para o crítico David Ansen, ele não possuía a
presença física dos outros dois,
mas era mais próximo da realidade. "Newman é nossa grande
estrela peso-médio", escreveu.
Com o gosto por desafios,
Newman escolheu interpretar
uma série de anti-heróis no cinema. Foi um ladrão de bancos
em "Butch Cassidy" (1969), na
parceria consagrada com Robert Redford; o filho imoral de
um fazendeiro em "O Indomado" (1963) e um condenado rebelde em "Rebeldia Indomável" (1967). Todos os personagens acabaram conquistando a
simpatia do público e se tornaram lendas americanas.
Após seis indicações ao Oscar, finalmente ganhou seu primeiro prêmio por "A Cor do Dinheiro" (1986). "Foi como perseguir uma mulher a vida toda",
disse ao receber a estatueta.
Nesse filme, ele reviveu Eddie
Felson, personagem de "Desafio à Corrupção" (1961).
Newman recebeu mais dois
Oscars honorários, um pelo
conjunto de sua carreira (1986)
e um que homenageou seu trabalho humanitário (1994).
Mais do que uma estrela de
cinema, ele foi um filantropo,
empresário -tinha uma bem-sucedida linha de produtos alimentícios naturais, a Newman's Own, com fins humanitários- e piloto de corridas,
uma de suas paixões. Em 1995,
ele correu em Daytona e ficou
entre os três primeiros.
Como ativista político, ficou
notória sua participação em
protestos contra a Guerra do
Vietnã. Segundo amigos, ele
adorou ter entrado para a lista
de inimigos do presidente Richard Nixon (1969-1974).
Também fez nome por ser
avesso ao estilo de vida hollywoodiano. Seu casamento com
a atriz Joanne Woodward foi
um dos mais longevos do cinema. Eles se uniram em 58 e ficaram juntos até sua morte.
"Por que vou comer hambúrguer se tenho filé em casa?",
disse, sobre sua fidelidade.
"Estrada para Perdição"
(2002), de Sam Mendes, foi sua
última indicação ao Oscar, como ator coadjuvante. Em 2006,
fez ainda a voz de Doc Hudson
na animação "Carros".
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