São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2008

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Câncer mata o ator Paul Newman, 83

Norte-americano chegou ao estrelato com o papel de boxeador herdado de James Dean em "Marcado pela Sarjeta"

Entre seus mais de 50 filmes, levou o Oscar de melhor ator por "A Cor do Dinheiro", em 1987, além de outras duas estatuetas honorárias

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

O ator, diretor e ativista americano Paul Newman morreu de câncer na última sexta-feira em seu rancho em Westport, Connecticut, segundo sua assessoria. Ele tinha 83 anos.
Newman, que trabalhou em mais de 50 filmes, foi indicado a nove Oscars e conquistou três -um deles de melhor ator.
Sua batalha contra o câncer já era conhecida; em maio, ele abandonou planos de dirigir "Ratos e Homens", baseado no clássico de John Steinbeck, citando problemas de saúde.
Paul Leonard Newman nasceu em 26 de janeiro de 1925 em Shaker Heights, Ohio. Filho de um negociante de artigos esportivos, se interessou por atuar após deixar a Marinha. Ele estudou teatro na Universidade Yale e no Actors Studio, em Nova York. Ajudado pela beleza clássica, que ele mesmo dizia explorar "desavergonhadamente", estreou no cinema em "O Cálice Sagrado" (1954).
O estrelato chegou um ano e meio depois, quando herdou de James Dean -morto em um acidente de carro pouco antes- o papel de Rocky Graziano em "Marcado pela Sarjeta".

Olhos castanhos
Apesar do sucesso rápido, ele demorou a ser levado a sério, o que ele creditava à sua beleza e famosos olhos azuis. "Já posso ver meu epitáfio: "Aqui jaz Paul Newman, que morreu um fracassado porque seus olhos ficaram castanhos'", afirmou.
Ele foi comparado incontáveis vezes a James Dean e Marlon Brando, nem sempre para seu benefício. Para o crítico David Ansen, ele não possuía a presença física dos outros dois, mas era mais próximo da realidade. "Newman é nossa grande estrela peso-médio", escreveu.
Com o gosto por desafios, Newman escolheu interpretar uma série de anti-heróis no cinema. Foi um ladrão de bancos em "Butch Cassidy" (1969), na parceria consagrada com Robert Redford; o filho imoral de um fazendeiro em "O Indomado" (1963) e um condenado rebelde em "Rebeldia Indomável" (1967). Todos os personagens acabaram conquistando a simpatia do público e se tornaram lendas americanas.
Após seis indicações ao Oscar, finalmente ganhou seu primeiro prêmio por "A Cor do Dinheiro" (1986). "Foi como perseguir uma mulher a vida toda", disse ao receber a estatueta. Nesse filme, ele reviveu Eddie Felson, personagem de "Desafio à Corrupção" (1961).
Newman recebeu mais dois Oscars honorários, um pelo conjunto de sua carreira (1986) e um que homenageou seu trabalho humanitário (1994).
Mais do que uma estrela de cinema, ele foi um filantropo, empresário -tinha uma bem-sucedida linha de produtos alimentícios naturais, a Newman's Own, com fins humanitários- e piloto de corridas, uma de suas paixões. Em 1995, ele correu em Daytona e ficou entre os três primeiros.
Como ativista político, ficou notória sua participação em protestos contra a Guerra do Vietnã. Segundo amigos, ele adorou ter entrado para a lista de inimigos do presidente Richard Nixon (1969-1974).
Também fez nome por ser avesso ao estilo de vida hollywoodiano. Seu casamento com a atriz Joanne Woodward foi um dos mais longevos do cinema. Eles se uniram em 58 e ficaram juntos até sua morte. "Por que vou comer hambúrguer se tenho filé em casa?", disse, sobre sua fidelidade.
"Estrada para Perdição" (2002), de Sam Mendes, foi sua última indicação ao Oscar, como ator coadjuvante. Em 2006, fez ainda a voz de Doc Hudson na animação "Carros".


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