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CRÍTICA ROCK
Disco empolgante relê romantismo e sonoridade de Serge Gainsbourg
BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
No sentido "clássico", é no
diário onde as observações
mais íntimas sobre a vida são
guardadas a sete chaves. Em
"Journal de BAD", Bárbara
Eugênia transforma amores,
foras e porres em música cortante, já que o ouvinte irá se
reconhecer em várias faixas.
Não pense, porém, que
Bárbara é dessas exibicionistas de internet.
Canções como "A Chave"
vêm embaladas num imaginário de cabarés esfumaçados e delírios românticos, como num filme de David
Lynch em que não distinguimos realidade de sonho.
"Só porque eu quis casar,
você quis fugir/ Machucou
meu coração/ Me meti em cada situação", canta.
Em "É, Rapaz", Bárbara se
desmancha: "Chorei, chorei,
chorei/ E aí, caí em tantos
braços (...) e na densa garoa fina da manhã, desfeita em mim, tomei um bordeaux".
Há um tom de música de
fossa, mas aqui as mulheres
são as que se dão mal, apesar de sedutoras e fatais.
A sonoridade, no entanto,
é bem contemporânea, que
vê o moderno no retrô. Do começo ao fim, "Journal de
BAD" é puro Serge Gainsbourg relido em chave tropicalista: pop-rock francês dos
anos 60 com ecos de Tom Zé.
Bárbara empolga porque se mostra de carne e osso, expõe um coração dilacerado. E identificação com o público, na música, ainda é essencial.
JOURNAL DE BAD
ARTISTA Bárbara Eugênia
LANÇAMENTO independente (distribuição: Tratore)
QUANTO R$ 20
AVALIAÇÃO ótimo
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