São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2010

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CRÍTICA ROCK

Disco empolgante relê romantismo e sonoridade de Serge Gainsbourg

BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

No sentido "clássico", é no diário onde as observações mais íntimas sobre a vida são guardadas a sete chaves. Em "Journal de BAD", Bárbara Eugênia transforma amores, foras e porres em música cortante, já que o ouvinte irá se reconhecer em várias faixas.
Não pense, porém, que Bárbara é dessas exibicionistas de internet.
Canções como "A Chave" vêm embaladas num imaginário de cabarés esfumaçados e delírios românticos, como num filme de David Lynch em que não distinguimos realidade de sonho.
"Só porque eu quis casar, você quis fugir/ Machucou meu coração/ Me meti em cada situação", canta.
Em "É, Rapaz", Bárbara se desmancha: "Chorei, chorei, chorei/ E aí, caí em tantos braços (...) e na densa garoa fina da manhã, desfeita em mim, tomei um bordeaux".
Há um tom de música de fossa, mas aqui as mulheres são as que se dão mal, apesar de sedutoras e fatais.
A sonoridade, no entanto, é bem contemporânea, que vê o moderno no retrô. Do começo ao fim, "Journal de BAD" é puro Serge Gainsbourg relido em chave tropicalista: pop-rock francês dos anos 60 com ecos de Tom Zé.
Bárbara empolga porque se mostra de carne e osso, expõe um coração dilacerado. E identificação com o público, na música, ainda é essencial.


JOURNAL DE BAD
ARTISTA Bárbara Eugênia
LANÇAMENTO independente (distribuição: Tratore)
QUANTO R$ 20
AVALIAÇÃO ótimo



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