São Paulo, segunda, 28 de setembro de 1998

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POLÍTICA CULTURAL
Propostas vão para o MinC
SNIC quer combater crise no cinema

PATRICIA DECIA
da Reportagem Local

O Sindicato Nacional da Indústria Cinematográfica, sediado no Rio, deverá enviar nesta semana ao Ministério da Cultura um documento com propostas para driblar a queda do volume de patrocínio para o cinema nacional no ano.
Segundo a produtora Dulce Continentino, presidente do SNIC, a principal delas é o prolongamento do prazo de captação para três anos. Atualmente, produtores têm até dois anos para conseguir o dinheiro necessário à realização de seus projetos via leis de incentivo fiscal (Rouanet ou Audiovisual).
O objetivo é evitar que a maioria dos projetos já em andamento -e que vem encontrando dificuldades para captar-, não tenha de ser recomeçada do ponto inicial.
Segundo Dulce, há cerca de 200 projetos em captação atualmente e o volume de investimentos vem caindo em relação ao registrado durante o mesmo período no ano passado.
Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, 1997 foi o melhor ano para a cultura quando o critério é dinheiro. Foram lançados 19 filmes e o teto da renúncia fiscal, que era de R$ 120 milhões, foi ultrapassado em R$ 15 milhões. O quadro, pelo menos no primeiro semestre, não estaria se repetindo. "Estamos tentando estudar essa crise. Para isso criamos um fórum de discussões com representantes de todas as áreas ligadas ao cinema para elaborar saídas", disse.
Dulce faz questão de ressaltar que as propostas serviriam como complemento à política cultural do governo, e não como críticas. "Estamos interessados em trabalhos juntos. Sempre que encaminhamos propostas somos ouvidos. Agora, estamos tentando aproveitar a época de eleições", afirmou a produtora.
Outras medidas que fariam parte do documento são a criação de um fundo de investimento para o cinema e também a estruturação de um novo órgão ligado à Secretaria do Audiovisual do MinC.
O grupo vem estudando ainda propostas para distribuição e exibição da produção nacional.

Motivos da crise
Uma série de fatores estão contribuindo para um desaquecimento dos investimentos em cultura, quando se toma 1997 como referência.
O principal deles foi a privatização da Telebrás, a maior investidora em cultura do país, responsável por mais R$ 80 milhões colocados no setor no ano passado.
Some-se a isso o fato de 1998 ser ano de eleições e de Copa do Mundo, contribuindo para aumentar as dificuldades dos profissionais de cinema de captar nas empresas.
O MinC, no entanto, não admite que há uma crise no setor, especialmente no caso do cinema. Para o ministro da Cultura, Francisco Weffort, até o final do ano a situação estará normalizada.
Seu principal argumento é que a maior parte dos investimentos acontece nos últimos meses do exercício fiscal, quando as empresas têm condições de estimar o valor do seu Imposto de Renda devido (base para o uso das leis de incentivo). Assim, até de 1999, não é possível obter estatísticas oficiais sobre o assunto.



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