São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

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FILMES

O Sargento Trapalhão
Globo, 15h30.
  
(Sgt. Bilko). EUA, 1996. Direção: Jonathan Lynn. Com Steve Martin, Dan Aykroyd. O sargento Bilko é um especialista em fazer negócios não necessariamente muito corretos em sua unidade. Seus problemas começam com a chegada de velho desafeto.

Um Lobisomem Americano em Paris
Record, 21h45.
 
(An American Werewolf in Paris). EUA, 1997, 98 min. Direção: Anthony Walker. Com Tom Everett Scott, Julie Delpy. Trio de estudantes americanos fazem turismo em Paris, até que um deles se apaixona por Julie Delpy, sem imaginar que nas noites de lua cheia ela se transforma em lobisomem.

Vencendo na Marra
SBT, 22h30.
 
(Turn It Up). EUA, 2000, 86 min. Direção: Robert Adetuyi. Com Pras Michael, Vondie Curtis Hall, Ja Rule. Jovem desde sempre envolvido com drogas tenta sair desse mundo usando seu talento musical. Péssimas referências.

Intercine
Globo, 1h30.

"Inferno na Estrada" (1997, de Louis Morneau, com James Belushi, Kylie Travis) e "O Doce Amanhã" (Canadá, 1997, de Atom Egoyan, com Ian Holm).

Isto Também Era Hollywood
SBT, 2h45.
   
(That's Entertainment 2). EUA, 1976. Direção: Gene Kelly. Continuação do excelente filme sobre momentos áureos do cinema e da MGM.

Mãe É Mãe
Globo, 3h25.
  
(Mother). EUA, 1996, 104 min. Direção: Albert Brooks. Com Albert Brooks, Debbie Reynolds. Agitada mãe recebe o filho escritor em casa depois que ele se divorcia pela segunda vez. (IA)

Irmãos Coen à la Hitchcock

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Quando queria dizer que não gostava de determinado autor, Macedonio Fernandez (escritor, mas, mais do que isso, personagem argentino) dizia "eu não durmo desse lado".
Pois bem, eu não durmo desse lado, quando se trata dos irmãos Coen. Mas "Fargo" (MGM, 18h) tem um encanto seguro. Há pelo menos dois personagens comoventes: o sujeito que arma a trama (William H. Macy) e a policial (Frances McDormand) que está lá para desarmá-la.
São dois bons atores e não sabemos por quem torcer. Pelo homem que em seu desespero forja o seqüestro da própria mulher ou pela grávida que, por mero senso profissional, quase sem querer, vai descobrindo coisas. E nesse sem querer o filme vai pegando um jeito hitchcockiano e criando um belo suspense.

DOCUMENTÁRIO

Claude Chabrol não é gênio, é trabalho

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Por que chamam a isso de "Noite Nostalgia" no Eurochannel? Por acaso Claude Chabrol morreu sem avisar a ninguém? E depois do documentário sobre ele passa "Mulheres Diabólicas", um filme que não tem nem dez anos.
A nostalgia agora anda depressa. Antes que ela chegue, vamos ao especial dedicado a esse mestre do policial moderno. Dos cineastas da nouvelle vague, Chabrol é o que menos cultivou o hábito de falar a respeito de si mesmo, de teorizar sobre seu trabalho.
No entanto existe ali um pensamento claro, insistente, característico de alguém que deseja chegar a algum lugar. Como ele mesmo diz, quando o cineasta não pensa o bastante, a imagem perde clareza. A imagem é cruel.
Talvez tudo comece com o humor. Durante uma filmagem, um ator faz uma piada. Chabrol faz cara séria e avança para ele, como se fosse estapeá-lo. Detém-se e diz, rindo: "Clouzot, lembra de Clouzot?". Sessão nostalgia: Hen-ri-Georges Clouzot, antigo diretor famoso por criar um clima de terror no set. Chabrol é seu antípoda.
Esse humor transparece nos filmes, evidentemente. Filmes em que a família está quase sempre presente. Por quê? Porque a família é fonte de felicidade, lembra o crítico Jean Douchet. Mas em Chabrol essa felicidade vira seu reverso. A mulher contra o marido, um primo matando outro primo etc.
E tudo por baixo dos panos. Como se não houvesse conflito. Mas ele está lá. Lá está também Isabelle Huppert, talvez a mais favorita de suas atrizes em todos os tempos. E lá está a roteirista, também. É algo que parece importunar a Chabrol: a intriga. Como se fosse um mero incômodo. Ele não cuida disso. Mas, quando a coisa aperta, a roteirista liga para Chabrol. Ele invariavelmente lembra três ou quatro filmes e as soluções dadas para situações idênticas. Chabrol não é gênio, é trabalho. Ele sempre disse isso.


NOITE NOSTALGIA: CLAUDE CHABROL. Quando: hoje, a partir das 22h, no Eurochannel.


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