São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

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Precisamos rejuvenescer

Luciana Cavalcanti/Folha Imagem
Chrissie Hynde com Domenico (esq.), Adam Seymour, Moreno Veloso e Kassin; vocalista do Pretenders fará show acústico


Com shows em SP, veteranos Chrissie Hynde e The Doors recorrem à geração mais nova para atualizar suas músicas

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Há uma nova fórmula de rejuvenescimento no mercado. Para rostos obcecados por botox, vale dizer que o caminho da fonte da juventude ainda é restrito aos astros da música pop.
Quem desvenda esses mistérios do tempo são dois nomes norte-americanos que, no passado, venderam milhões de discos mundo afora, mas já andavam em uma marcha reduzida nos últimos anos: Chrissie Hynde e The Doors, que tocam em São Paulo.
A primeira, de 53 anos, remoça seu som -sucesso nos anos 80 via banda Pretenders- com a ajuda dos brasileiros Moreno Veloso, 31, Domenico, 30, e Kassin, 29, com quem dividirá o palco.
Já o Doors conta com a ajuda de um saltitante novo vocalista, Ian Astbury, 42, que deixa sem fôlego os veteranos da banda, que têm idades perto dos 60.
No caso de Hynde, o contato com a geração mais nova coincidiu com um período de renovações. Tal qual uma empolgada mochileira novata, a cantora largou a vida nos EUA e na Inglaterra para adotar um novo lar: São Paulo. Hynde não consegue dar uma razão específica para sua decisão, mas dá pistas que indicam uma empolgada retomada do ímpeto aventureiro da juventude.
Para entender as motivações da cantora, que há algumas semanas alugou um apartamento na região central, próximo ao edifício Itália, é necessário lembrar que, desde muito cedo, Hynde coloca o pé na estrada. Nascida em Akron, Ohio, Hynde abandonou a vida de garçonete e mudou-se, no começo dos anos 70, para Londres. Lá, virou jornalista musical antes de montar o Pretenders, em 1978.
Diz que tomou a decisão no ano passado, quando veio pela segunda vez ao país. "Não estou procurando nada na cidade", afirma Hynde em entrevista à Folha.
Ao mesmo tempo, acredita que não há lugar melhor no mundo para estar, já que sentiu nas ruas de São Paulo uma vibração com a qual não entrava em contato há muito tempo. "Senti a mesma energia que eu via nos EUA durante os anos 60. Todas as pessoas com quem cruzei foram muito amáveis, com uma mentalidade bem hippie, coisa que adoro", diz. "Há um clima de interação, algo que não se pode encontrar em mais nenhum lugar na América."
Com o espírito pelo menos uns 30 anos mais jovem, Hynde encontraria, na mesma ocasião, o elemento decisivo para o rejuvenescimento físico/musical.
A cantora foi a um pequeno show que Caetano Veloso fazia em um hotel da cidade. Ficou maravilhada por um rapaz que tocava violoncelo na banda -resolveu convidá-lo para tocar com ela. Não fazia a mínima idéia de que se tratava do filho de Caetano, Moreno Veloso. "Foi aí que fiquei sabendo quem era e que ele já tinha discos lançados. Quando ouvi, fiquei com vergonha de manter o convite. O trabalho dele com Domenico e Kassin é fantástico, uma das melhores coisas que ouvi nos últimos tempos."
"Ela se maravilhou por um Brasil que é diferente do Brasil de Paul Simon", acredita Moreno.
No show, acústico, Hynde estará acompanhada, além dos brasileiros, do guitarrista do Pretenders Adam Seymour. De sucessos do Pretenders de quase 20 anos a músicas mais novas, como "Nenhuma", de Moreno, Hynde fará idas e vindas no tempo, mostrando que a recém-adquirida juventude não é apenas maquiagem.

CHRISSIE HYNDE. Onde: DirecTV Music Hall (av. Jamaris, 213, Moema, SP, tel. 0/ xx/11/6846-6040). Quando: hoje, às 21h30. Quanto: de R$ 50 a R$ 100.


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