São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

The Doors recauchutado busca cultuadores

DA REDAÇÃO

Não havia santo que acendesse o fogo de Ray Manzarek, 65, e Robby Krieger, 58. Até que um jovem senhor de 42 anos, Ian Astbury, entrasse pela porta da frente e resolvesse brincar um jogo de faz-de-conta. Nesse espírito, vale fazer de conta que o ano de 1968 ainda não acabou, que a Guerra do Vietnã continua correndo solta e que Jim Morrison, o vocalista do Doors, não morreu.
Essa é atual história resumida da nova versão de uma das bandas fundamentais do rock, que agora atende pelo nome The Doors of the 21st Century e faz show amanhã em SP, com ingressos esgotados, e sábado, no Rio.
O Doors original, grupo que surgiu em 1965 em Los Angeles (EUA), é antes de mais nada um ícone cultural dos psicodélicos anos 60. Deu ao mundo o vocalista e poeta místico Jim Morrison, celebrou a liberdade de expressão e os excessos, além de criar uma vasta gama de hits imortais.
Mas, logo que Morrison morreu, em 71, as coisas já começaram a cheirar mal. Os três remanescentes ainda tentaram seguir adiante com a banda. Não deu certo. Partiram para carreiras solo. Idem. Em 2002, Manzarek e Krieger, tecladista e guitarrista, respectivamente, tiveram uma nova idéia. Por que não voltar à estrada com um novo vocalista?
Várias rugas a mais e processos judicias em excesso -por parte do baterista John Densmore- criaram um novo nome: The Doors of the 21st Century. "Não é uma banda nova nem é o Doors", explica Krieger à Folha.
No lugar de Morrison a dupla teve apenas o trabalho de escolher qual o melhor clone do cantor, já que durante anos, surgiram inúmeros vocalistas influenciados pelo grupo. Não deu outra. O cargo de dublê coube a Ian Astbury, da banda oitentista inglesa The Cult. "Não conheço muita coisa dessa banda", diz Krieger. "Vi apenas os videoclipes deles, que eram muito bons, melhores que as músicas. Mas eles são bons no palco e têm um bom guitarrista."
Astbury é Morrison reencarnado. Além do timbre de voz semelhante, o inglês adotou um corte de cabelo parecidíssimo ao do americano. Krieger, no entanto, aponta diferenças básicas.
"É mais difícil tocar sem Jim. Você não sabia o que ele ia fazer no palco, o que podia ser bom ou ruim. Às vezes, ficava sem se mexer durante o show inteiro. Havia sempre um elemento surpresa. Já com o Ian, você sempre sabe que ele fará uma ótima performance, já que se movimenta e pula muito no palco e faz de tudo para manter o pique do público."
Krieger jura que não voltou pelo dinheiro. "Faço isso por diversão e porque não sei fazer outra coisa na vida. Mas todo o dinheiro está indo para os advogados..." (BYS)


THE DOORS OF THE 21ST CENTURY. Onde (em SP): Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.955, Vila Almeida, SP, tel. 0/xx/11/6846-6010). Quando: amanhã, às 22h. Ingressos esgotados. Onde (no RJ): Claro Hall (av. Ayrton Senna, 3.000, Barra da Tijuca, RJ, tel. 0/ xx/ 21/2430-0700). Quando: sábado, às 22h. Quanto: de R$ 100 a R$ 250.


Texto Anterior: Precisamos rejuvenescer
Próximo Texto: DVDs mostram banda vivendo de seus mitos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.