|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POPLOAD
O nome dela é Annie
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
E então? Cansou da maratona?
Calma, que em novembro tem
mais. Vai ter Nine Inch Nails, Flaming Lips, Iggy Pop e Sonic
Youth. E também os shows do
Pearl Jam. E vai ter a histórica
banda americana Mudhoney,
também de Seattle, abrindo todos
as apresentações do grupo de Eddie Vedder no Brasil. Eu sei, não é
fácil...
Str...
Para encerrar o assunto Strokes,
um pequeno relato de Porto Alegre. Os shows do grupo nova-iorquino e da apaixonante banda canadense Arcade Fire, na terça-feira, não foram piores nem melhores que os de Rio e São Paulo. A
não ser pelos finais, diferentes. No
do Arcade Fire, quando a última
música "Rebellion (Lies)" estava
acabando, um dos integrantes subiu com um bumbo numa das altas armações laterais do galpão
onde ocorria o show. E ficou tocando de lá, por cima do público,
bem longe do palco. Até que uns
meninos da platéia subiram também e ficaram dançando com o
canadense lá em cima. Enquanto
o músico não descia, o resto do
Arcade Fire ficou segurando a
música só nos "Uhhhhhhhs" e
"Ohhhhhhhs", para que ela não
acabasse enquanto o cara não tivesse descido.
Já os Strokes terminaram a
apresentação com "Reptilia", a
grande explosão popular da noite,
mais do que "Last Nite". Julian
saiu tonto, com a mão na garganta. Fabrizio quase caiu ao descer
da bateria. Nick destruiu sua segunda guitarra. Albert desceu à
platéia e entregou sua guitarra para o público, que a destruiu em segundos. Foi assim lá.
Annie
Faço minhas as palavras da "Rolling Stone". Às vezes você escuta
uma banda nova tão bacana que
na hora deseja poder ser o novo
melhor amigo da pessoa que canta. No caso, a banda californiana
Giant Drag. NO CASO, a vocalista
e guitarrista Annie Hardy.
Annie é a metade da banda que
é uma dupla, coisa em voga no
rock atual. Giant Drag é novo
exemplar dessa safra de deliciosas
bandas de dois que reúnem nomes como White Stripes, Death
from Above 1979 e Dresden Dolls.
Seu parceiro é o baterista-tecladista Micah Calabrese (ótimo nome). Talvez o Giant Drag seja um
sinal de que, depois do domínio
dos anos 80 no rock atual, seja a
vez agora dos 90. A voz de Annie é
linda como eram lindas as vozes
das cantoras das bandas femininas americanas da década passada. O som é algo entre grunge e
My Bloody Valentine. Inclusive, a
melhor definição que ouvi do
Giant Drag, sem contar "Rock Lolita", é "My Bloody Valentine com
Kim Deal (Pixies) no vocal".
Dá para ouvir todas as músicas
do CD de estréia do Giant Drag no
site oficial da dupla. Dá para ver
os dois clipes. Ou seja: dá para ver
e ouvir a Annie. Pena que não dá
para ouvir a matadora cover de
"Wicked Game", de Chris Isaak,
que ela costuma cantar em shows.
Sobre os nomes das músicas
que a Annie canta docemente:
"Kevin Is Gay", "You're Full of
Shit (Check Out My Sweet Riffs)",
"My Dick Sux" e "YFLMD" (you
f*ck like my dad). Tudo bem não
traduzir, né? Sobre os discursos
de Annie, acredite: você ainda vai
ouvir falar.
Mais uma história sobre a cover
de "Wicked Game": nos shows,
antes de cantá-la, Annie tenta
convencer o público de que, na
verdade, a música é dela, e Chris
Isaak a roubou quando os dois
eram namorados (ela tinha oito
anos na época). Leitor, esta é a
Annie. Annie, este é o leitor.
@ - lucio@uol.com.br
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Cinema/"Crash - No Limite": "Racismo tem a ver com poder", diz Cheadle Índice
|