São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2005

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POPLOAD

O nome dela é Annie

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

E então? Cansou da maratona? Calma, que em novembro tem mais. Vai ter Nine Inch Nails, Flaming Lips, Iggy Pop e Sonic Youth. E também os shows do Pearl Jam. E vai ter a histórica banda americana Mudhoney, também de Seattle, abrindo todos as apresentações do grupo de Eddie Vedder no Brasil. Eu sei, não é fácil...

Str...
Para encerrar o assunto Strokes, um pequeno relato de Porto Alegre. Os shows do grupo nova-iorquino e da apaixonante banda canadense Arcade Fire, na terça-feira, não foram piores nem melhores que os de Rio e São Paulo. A não ser pelos finais, diferentes. No do Arcade Fire, quando a última música "Rebellion (Lies)" estava acabando, um dos integrantes subiu com um bumbo numa das altas armações laterais do galpão onde ocorria o show. E ficou tocando de lá, por cima do público, bem longe do palco. Até que uns meninos da platéia subiram também e ficaram dançando com o canadense lá em cima. Enquanto o músico não descia, o resto do Arcade Fire ficou segurando a música só nos "Uhhhhhhhs" e "Ohhhhhhhs", para que ela não acabasse enquanto o cara não tivesse descido.
Já os Strokes terminaram a apresentação com "Reptilia", a grande explosão popular da noite, mais do que "Last Nite". Julian saiu tonto, com a mão na garganta. Fabrizio quase caiu ao descer da bateria. Nick destruiu sua segunda guitarra. Albert desceu à platéia e entregou sua guitarra para o público, que a destruiu em segundos. Foi assim lá.

Annie
Faço minhas as palavras da "Rolling Stone". Às vezes você escuta uma banda nova tão bacana que na hora deseja poder ser o novo melhor amigo da pessoa que canta. No caso, a banda californiana Giant Drag. NO CASO, a vocalista e guitarrista Annie Hardy.
Annie é a metade da banda que é uma dupla, coisa em voga no rock atual. Giant Drag é novo exemplar dessa safra de deliciosas bandas de dois que reúnem nomes como White Stripes, Death from Above 1979 e Dresden Dolls. Seu parceiro é o baterista-tecladista Micah Calabrese (ótimo nome). Talvez o Giant Drag seja um sinal de que, depois do domínio dos anos 80 no rock atual, seja a vez agora dos 90. A voz de Annie é linda como eram lindas as vozes das cantoras das bandas femininas americanas da década passada. O som é algo entre grunge e My Bloody Valentine. Inclusive, a melhor definição que ouvi do Giant Drag, sem contar "Rock Lolita", é "My Bloody Valentine com Kim Deal (Pixies) no vocal".
Dá para ouvir todas as músicas do CD de estréia do Giant Drag no site oficial da dupla. Dá para ver os dois clipes. Ou seja: dá para ver e ouvir a Annie. Pena que não dá para ouvir a matadora cover de "Wicked Game", de Chris Isaak, que ela costuma cantar em shows.
Sobre os nomes das músicas que a Annie canta docemente: "Kevin Is Gay", "You're Full of Shit (Check Out My Sweet Riffs)", "My Dick Sux" e "YFLMD" (you f*ck like my dad). Tudo bem não traduzir, né? Sobre os discursos de Annie, acredite: você ainda vai ouvir falar.
Mais uma história sobre a cover de "Wicked Game": nos shows, antes de cantá-la, Annie tenta convencer o público de que, na verdade, a música é dela, e Chris Isaak a roubou quando os dois eram namorados (ela tinha oito anos na época). Leitor, esta é a Annie. Annie, este é o leitor.


@ - lucio@uol.com.br

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