São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2005

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"A LENDA DO ZORRO"

Seqüência se mostra órfã de direção

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A paternidade é o que está na pauta dos dois "Zorros" de Martin Campbell. No primeiro, "A Máscara do Zorro" (98), um Zorro mais velho adotava como sucessor um jovem ladrão e tentava se mostrar, assim, à filha de 20 anos que fora raptada quando bebê. Em "A Lenda do Zorro", temos o jovem Zorro, década depois, como um pai que, de tão atarefado, se faz ausente ao filhinho.
Mais do que adoções e rompimentos, o que está claro, em ambos, é a necessidade de um pai. Por exemplo, a Califórnia votando um referendo que rompe, em 1850, com a administração mexicana para se anexar à União, em "A Lenda". Os EUA como pais dos californianos, portanto, o que repercute em certa turbulência política que faz de Zorro (Antonio Banderas), mais do que nunca, o pai protetor da população local.
Contra o referendo são os vilões, que pretendem bombardear Washington e dominar o mundo. Para piorar, Zorro terá de apertar os nós desatados da família, dobrando sua mulher (Catherine Zeta-Jones), que alça vôos fora do lar, e seu filho Joaquin, que pensa que o pai é apenas um dândi.
Uma trama improvável e inusitada, o que deixa claro o abandono do viés mais dramático do primeiro filme para abraçar um humor filho bastardo do ótimo cinema de Robert Rodriguez e suas reciclagens de temas "latinos".
O tom farsesco não vai às últimas conseqüências, pois Campbell acha importante tratar de alguns assuntos sérios (e, pior, de forma séria), como a conciliação familiar e a ação. O que faz de "A Lenda do Zorro" uma obra um tanto órfã de direção.


A Lenda do Zorro
The Legend of Zorro
 
Direção: Martin Campbell
Produção: EUA, 2005
Com: Antonio Banderas
Quando: a partir de hoje nos cines Butantã, Eldorado, Marabá e circuito


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