São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2005

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MÚSICA

Outro bom lançamento de jazz é o álbum "Flora's Song", de Flora Purim, cantora brasileira radicada nos Estados Unidos

Em show acústico, Marsalis faz sua música pura

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Wynton Marsalis é um dos músicos de jazz da atualidade mais conhecidos. Conta-se que já se apresentou em mais de 35 países. Assim, não devem ser poucos os que vão gostar de saber que seu último CD acaba de chegar em edição nacional.
O trompetista norte-americano, lembrado também por suas gravações de obras eruditas -já passeou por peças de Haendel e Haydn-, aparece aqui em uma apresentação ao vivo no House of Tribes, clube localizado no Lower East Side, em dezembro de 2002.
Marsalis, 43, não está desta vez acompanhado de sua Lincoln Center Jazz Orchestra, com a qual passou por São Paulo em junho último. Ao lado de um quinteto, o trompetista não toca nenhuma composição sua, optando por transitar por criações de outros nomes da música jazzística.
O show começa com "Green Chimneys", tema do pianista Thelonius Monk (1917-1982) -curiosamente, é o saxofonista Wessell Anderson, antigo parceiro de Marsalis, quem mais brilha nessa faixa. "Dona Lee", de Charlie Parker (1920-1955), é outro momento intenso. Como não poderia deixa de ser quando se trata de um trabalho de Marsalis, o disco é totalmente acústico. No total, são seis faixas e mais de uma hora de música pura, límpida.
Desde o início da década de 80, quando apareceu para o mundo do jazz acompanhando os "Jazz Messengers" do baterista Art Blakey (1919-1990), Marsalis já gravou mais de 50 álbuns.
Ouvir Marsalis tocar e falar sobre jazz facilmente deixa a impressão de que o free e o fusion nunca existiram. Se Miles Davis (1926-1991), também armado de seu trompete, fez da inovação das linguagens do jazz seu motor criativo, Marsalis preferiu direcionar seu sopro em outra direção. Talvez daí seja fácil entender as motivações das brigas públicas entre os dois durante a década de 80.
O público presente ao House of Tribes naquela noite de dezembro não se furta de mostrar sua empolgação: aplausos e gritinhos surgem a todo momento. É mais fácil encontrar quem apenas não concorde com as idéias de Marsalis do que quem realmente não aprecie sua música.

Cidadã do mundo
Outro lançamento é o CD da cantora brasileira Flora Purim, que acaba de desembarcar nas lojas brasileiras.
A cantora, de 63 anos, está radicada nos EUA desde a virada dos anos 60 para os 70. Por lá, tem participado ativamente -ao lado de seu companheiro, o percussionista Airto Moreira- de diferentes momentos que marcaram a renovação da cena jazzística.
Flora já disse que a música que ela e Moreira fazem não é nem americana nem brasileira. No encarte do CD, em que cantar em inglês e em português, ela se refere à sua música como "Brazilian jazz". O grande momento do CD é a faixa "Flora's Song", única composição de Purim no álbum. São quase dez minutos de beleza instrumental, em que a voz de Flora surge para compor uma atmosfera etérea, sem palavras.


Live at the House of Tribes
   
Artista: Wynton Marsalis
Gravadora: Blue Note/EMI
Quanto: R$ 35, em média

Flora's Song
   
Artista: Flora Purim
Gravadora: Narada Jazz/EMI
Quanto: R$ 35, em média


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