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MÚSICA
Outro bom lançamento de jazz é o álbum "Flora's Song", de Flora Purim, cantora brasileira radicada nos Estados Unidos
Em show acústico, Marsalis faz sua música pura
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Wynton Marsalis é um dos
músicos de jazz da atualidade mais conhecidos. Conta-se
que já se apresentou em mais de
35 países. Assim, não devem ser
poucos os que vão gostar de saber
que seu último CD acaba de chegar em edição nacional.
O trompetista norte-americano,
lembrado também por suas gravações de obras eruditas -já passeou por peças de Haendel e
Haydn-, aparece aqui em uma
apresentação ao vivo no House of
Tribes, clube localizado no Lower
East Side, em dezembro de 2002.
Marsalis, 43, não está desta vez
acompanhado de sua Lincoln
Center Jazz Orchestra, com a qual
passou por São Paulo em junho
último. Ao lado de um quinteto, o
trompetista não toca nenhuma
composição sua, optando por
transitar por criações de outros
nomes da música jazzística.
O show começa com "Green
Chimneys", tema do pianista
Thelonius Monk (1917-1982)
-curiosamente, é o saxofonista
Wessell Anderson, antigo parceiro de Marsalis, quem mais brilha
nessa faixa. "Dona Lee", de Charlie Parker (1920-1955), é outro
momento intenso. Como não poderia deixa de ser quando se trata
de um trabalho de Marsalis, o disco é totalmente acústico. No total,
são seis faixas e mais de uma hora
de música pura, límpida.
Desde o início da década de 80,
quando apareceu para o mundo
do jazz acompanhando os "Jazz
Messengers" do baterista Art Blakey (1919-1990), Marsalis já gravou mais de 50 álbuns.
Ouvir Marsalis tocar e falar sobre jazz facilmente deixa a impressão de que o free e o fusion
nunca existiram. Se Miles Davis
(1926-1991), também armado de
seu trompete, fez da inovação das
linguagens do jazz seu motor criativo, Marsalis preferiu direcionar
seu sopro em outra direção. Talvez daí seja fácil entender as motivações das brigas públicas entre
os dois durante a década de 80.
O público presente ao House of
Tribes naquela noite de dezembro
não se furta de mostrar sua empolgação: aplausos e gritinhos
surgem a todo momento. É mais
fácil encontrar quem apenas não
concorde com as idéias de Marsalis do que quem realmente não
aprecie sua música.
Cidadã do mundo
Outro lançamento é o CD da
cantora brasileira Flora Purim,
que acaba de desembarcar nas lojas brasileiras.
A cantora, de 63 anos, está radicada nos EUA desde a virada dos
anos 60 para os 70. Por lá, tem
participado ativamente -ao lado
de seu companheiro, o percussionista Airto Moreira- de diferentes momentos que marcaram a
renovação da cena jazzística.
Flora já disse que a música que
ela e Moreira fazem não é nem
americana nem brasileira. No encarte do CD, em que cantar em inglês e em português, ela se refere à
sua música como "Brazilian jazz".
O grande momento do CD é a faixa "Flora's Song", única composição de Purim no álbum. São quase dez minutos de beleza instrumental, em que a voz de Flora surge para compor uma atmosfera
etérea, sem palavras.
Live at the House of Tribes
Artista: Wynton Marsalis
Gravadora: Blue Note/EMI
Quanto: R$ 35, em média
Flora's Song
Artista: Flora Purim
Gravadora: Narada Jazz/EMI
Quanto: R$ 35, em média
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