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TELEVISÃO
Crítica
Violência move Kubrick em "Laranja Mecânica"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Se eu tivesse que ficar com
apenas um filme de Stanley Kubrick na vida, não seria "2001",
nem "Dr. Fantástico". Seria
"Laranja Mecânica" (TCM,
1h10; não recomendado para
menores de 18 anos).
Por quê? Não sei. Talvez porque o personagem de Malcolm
McDowell seja inexplicável,
com sua bengala, sua cartola,
seu gosto pela "Nona Sinfonia"
misturado à violência sem fim
(sim, na convenção, Beethoven
e outros clássicos significam
bons modos; violência e caos
vêm do rock). Pois é de violência que trata o filme no primeiro momento. E, no segundo, da
violência ainda maior da instituição médica, da psiquiatria
em particular.
Ou talvez porque esse seja o
filme em que o gosto de Kubrick pela grande angular melhor se justifica, na medida em
que torna os movimentos mais
rápidos e incisivos.
Soa estranho que Kubrick,
antes de morrer, tenha legado a
Spielberg um projeto. Talvez
não seja tanto: Spielberg é o inverso de Kubrick, acredita cegamente no humano.
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