São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2008

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32ª AMOSTRA DE SP

Legrand toca "sucessos do cinema"

Pianista francês, que já compôs para Godard e Altman, inicia turnê no Brasil com apresentação em SP

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não são poucos os que o consideram um dos maiores compositores do século 20. Além de ser um premiado autor de canções e trilhas para o cinema, o pianista e arranjador francês Michel Legrand, 74, tornou-se unanimidade na área do jazz, graças às gravações que fez nos anos 50 com expoentes do gênero, como Miles Davis e John Coltrane.
Com um único show no Via Funchal, em São Paulo, Legrand inicia hoje turnê pelo país, que inclui apresentações em Brasília (dia 30), Porto Alegre (1º/11) e Rio (4/11). A abertura de todas as noites será feita pela cantora Patty Ascher, que lançou há pouco um CD com canções de Burt Bacharach.
Fã da música brasileira, Legrand já se apresentou aqui várias vezes, mas não se lembra mais da primeira visita. "Gosto tanto do país e possuo tantos amigos aí que tenho a impressão de conhecer o Brasil há uns três ou quatro séculos", disse à Folha, por telefone.
Da última vez que tocou em São Paulo, ele se recorda. Foi em 1999, quando se apresentou com Ivan Lins. Os dois iniciaram parceria, planejando álbum com arranjos para orquestra, mas o alto custo do projeto os levou a interrompê-lo.
"Eu tinha curiosidade de conhecer melhor o Ivan há muito tempo. Foi um prazer trabalhar com ele, porque temos uma grande afinidade musical", comenta o parisiense, que em 2004 voltou a se apresentar no Rio, onde gravou um belo CD em homenagem ao pianista Luiz Eça (1936-1992).

Jazz e cinema
Autor de melodias inspiradas, como o tema do filme "Houve uma Vez um Verão" (Robert Mulligan, 1971), ou canções que passaram a integrar o repertório do jazz, como "What Are You Doing the Rest of Your Life?", Legrand diz que vários de seus sucessos estão no repertório do show de hoje, mas também deve tocar composições recentes. O fato de grande parte dos jovens de hoje preferirem ouvir rap ou rock não o preocupa. "Não vejo qualquer perigo na expansão do rap, que é um gênero interessante, mas não passa de uma aventura. O que já é grande na cena da música, como o jazz, vai continuar a ser grande. O jazz vai ficar para sempre, ele já é clássico", afirma o compositor.
Mas, quando o assunto se volta para o cinema de hoje, a animação de Legrand desaparece. Depois de compor para dezenas de filmes de conceituados cineastas, como Godard, Orson Welles e Robert Altman, ele diz que perdeu o estímulo para atuar nessa área.
"Os filmes de hoje já não me inspiram mais, não me parecem tão interessantes como quando trabalhei com diretores extraordinários. Não acho que os cineastas da nova geração sejam especialmente dotados. Talvez eu mesmo dirija um filme. Tenho pensado nisso."

MICHEL LEGRAND
Quando: hoje, às 21h30
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, Vila Olímpia, tel. 0/xx/11/3188-4148)
Quanto: de R$ 100 a R$ 400
Classificação: livre



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