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32ª AMOSTRA DE SP
Legrand toca "sucessos do cinema"
Pianista francês, que já compôs para Godard e Altman, inicia turnê no Brasil com apresentação em SP
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Não são poucos os que o consideram um dos maiores compositores do século 20. Além de
ser um premiado autor de canções e trilhas para o cinema, o
pianista e arranjador francês
Michel Legrand, 74, tornou-se
unanimidade na área do jazz,
graças às gravações que fez nos
anos 50 com expoentes do gênero, como Miles Davis e John
Coltrane.
Com um único show no Via
Funchal, em São Paulo, Legrand inicia hoje turnê pelo
país, que inclui apresentações
em Brasília (dia 30), Porto Alegre (1º/11) e Rio (4/11). A abertura de todas as noites será feita
pela cantora Patty Ascher, que
lançou há pouco um CD com
canções de Burt Bacharach.
Fã da música brasileira, Legrand já se apresentou aqui várias vezes, mas não se lembra
mais da primeira visita. "Gosto
tanto do país e possuo tantos
amigos aí que tenho a impressão de conhecer o Brasil há uns
três ou quatro séculos", disse à
Folha, por telefone.
Da última vez que tocou em
São Paulo, ele se recorda. Foi
em 1999, quando se apresentou
com Ivan Lins. Os dois iniciaram parceria, planejando álbum com arranjos para orquestra, mas o alto custo do projeto
os levou a interrompê-lo.
"Eu tinha curiosidade de conhecer melhor o Ivan há muito
tempo. Foi um prazer trabalhar
com ele, porque temos uma
grande afinidade musical", comenta o parisiense, que em
2004 voltou a se apresentar no
Rio, onde gravou um belo CD
em homenagem ao pianista
Luiz Eça (1936-1992).
Jazz e cinema
Autor de melodias inspiradas, como o tema do filme
"Houve uma Vez um Verão"
(Robert Mulligan, 1971), ou
canções que passaram a integrar o repertório do jazz, como
"What Are You Doing the Rest
of Your Life?", Legrand diz que
vários de seus sucessos estão
no repertório do show de hoje,
mas também deve tocar composições recentes. O fato de
grande parte dos jovens de hoje
preferirem ouvir rap ou rock
não o preocupa. "Não vejo qualquer perigo na expansão do rap,
que é um gênero interessante,
mas não passa de uma aventura. O que já é grande na cena da
música, como o jazz, vai continuar a ser grande. O jazz vai ficar para sempre, ele já é clássico", afirma o compositor.
Mas, quando o assunto se
volta para o cinema de hoje, a
animação de Legrand desaparece. Depois de compor para
dezenas de filmes de conceituados cineastas, como Godard, Orson Welles e Robert
Altman, ele diz que perdeu o estímulo para atuar nessa área.
"Os filmes de hoje já não me
inspiram mais, não me parecem tão interessantes como
quando trabalhei com diretores extraordinários. Não acho
que os cineastas da nova geração sejam especialmente dotados. Talvez eu mesmo dirija um
filme. Tenho pensado nisso."
MICHEL LEGRAND
Quando: hoje, às 21h30
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, Vila
Olímpia, tel. 0/xx/11/3188-4148)
Quanto: de R$ 100 a R$ 400
Classificação: livre
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