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NETVOX
O walkman dos piratas
MARIA ERCILIA
editora de Internet
Todo mundo já gravou uma
fita com suas músicas preferidas para levar numa viagem ou
dar para um amigo. Todo mundo sabe que reproduzir música
sem pagar royalties é ilegal,
mas a Sony e a BMG não vão
sair atrás de ninguém por causa
de compilações caseiras, com
capinhas desenhadas ou rabiscadas a caneta.
Mas certos tipos de infração
são uma questão de escala. Tirar cópias xerox de livros escolares se tornou ilegal no Brasil,
por exemplo. Tinha virado uma
indústria grande a ponto de incomodar editoras. Mas ainda
dá para levar um livro no xerox
da esquina e tirar umas cópias,
ninguém vai ser preso por isso.
Pedofilia sempre existiu -mas
nunca com tanta facilidade de
acesso como na Internet.
É por esse problema da escala
que a indústria fonográfica está
arrancando os cabelos. O inimigo se chama MP3 -um formato de gravação de áudio que
deixa os arquivos dez vezes menores e que se espalhou feito
praga na Internet (uma busca
no Altavista encontrou a palavra MP3 1.757.416 vezes!).
Existem alguns sites oficiais
de MP3, com o copyright em
dia. Mas a grande maioria é de
arquivos ilegais, de garotos que
copiam CDs inteiros e oferecem
para troca em salas de bate-papo e sites. Você não vai achar
estes sites no Yahoo, mas perguntando um pouco por aí, encontra de tudo.
Qualquer um pode pegar um
CD, colocar no drive do computador e, usando um "data ripper" (que pode ser encontrado
em sites como o www.mp3.com), copiá-lo todo para o seu
computador. Daí à transferência para um site qualquer é
questão de minutos.
Mesmo assim, o MP3 ainda
estava restrito a quem usa o
computador mais intensamente. Você pegava as músicas em
formato digital, mas para tirá-
las do computador teria que
queimar um CD, e para isso
precisaria ter um dispositivo
que grava CDs em casa, que
pouca gente tem etc.
Só que um aparelhinho chamado Rio veio complicar -ou
simplificar- as coisas. Ele vai
ser lançado em novembro nos
EUA, a US$ 199. É um walkman
ainda menor que os comuns,
que pode ser conectado ao computador e copia uma hora de
música em MP3.
A qualidade é muito próxima
à de CD, e o Rio pode ser chacoalhado à vontade, pois não
tem partes móveis, nem cabeçotes, nem agulhas.
A indústria de música norte-
americana resolveu processar a
Diamond, fabricante do Rio,
afirmando que ele é um incentivo à pirataria. Ontem o juiz
deu uma sentença favorável à
Diamond, que vai poder lançar
o produto em paz.
As gravadoras queriam que o
Rio, se lançado, tivesse um dispositivo que impede a gravação
de músicas ilegais. A Diamond
não quer saber disso -nem de
pagar os royalties que os fabricantes de equipamentos de gravação pagam à indústria.
A empresa alega que o Rio
não é um gravador, mas um
aparelho que executa músicas
gravadas da Internet. Seja como for, o walkman vai poder
chegar ao mercado, tirando o
MP3 do domínio nerd.
Mesmo nos sites autorizados,
o movimento é enorme. O
MP3.com, que existe há cerca
de um ano, já teve 4 milhões de
downloads, e seu tráfego cresce
45% por mês. No Brasil, é só
procurar que você encontra
também muita coisa em MP3.
Existem alternativas ao MP3,
como o formato da N2K
(www.n2k.com) e da Liquid
Audio (www.liquidaudio.com),
que permitem o controle de direitos autorais. Ambos usam
sistemas de criptografia que
identificam a pessoa que copiou
o arquivo de CDs da Internet.
Mas nem tudo é gravação pirata no mundo do MP3. No topo das paradas extra-oficiais
estão trechos sampleados de depoimentos de Bill Clinton, com
nomes sugestivos como "That
Woman" e "She Touched My
Weenie"...
²
Revista fala de tecno e metal
Tem tecno, rock,
pop e muito
palpite na revista
on line brasileira
"The Bambas", de
Camilo Rocha -o
número 6 já está
na Web
(www.hey.to/thebambas). Tem
de Chemical
Brothers a Iron
Maiden, passando
por Love and
Rockets e até
Lenny Kravitz
NOTAS
Péssima combinação
Diz Scott Adams, criador de
Dilbert: "Não acho que o maior volume de mídia esteja deixando as
pessoas mais estúpidas. Acho que
as pessoas são tão burras quanto
eram no tempo das cavernas. A
evolução não trabalhou tão depressa. Mas o mundo se tornou
mais complicado, por isso há somente algumas pessoas que podem enxergar todos os fatos em
uma situação e mantê-los em mente. As duas piores coisas que aconteceram foram devido à tecnologia. Tudo se tornou mais complicado. Mesmo pessoas inteligentes
não conseguem dar conta do mundo. Mas ao mesmo tempo, por causa de pesquisas e enquetes instantâneas (e a Internet vai tornar isso
pior, quando qualquer um puder
votar em casa, tomando cerveja),
você tem mais democracia e pessoas com menos capacidade de entender as coisas. Não poderia existir combinação pior".
²
Ataque a empresas
Cerca de 35% das empresas
brasileiras sofreram algum tipo de
invasão em seus computadores,
sendo que 27% destas invasões
ocorreram nos últimos 12 meses.
São as conclusões de uma pesquisa
realizada pela empresa de segurança Módulo. As empresas brasileiras estão extremamente vulneráveis a ataques via Internet, e 42%
delas apontam a rede mundial como seu maior fator de risco externo. Leia mais no www.modulo.com.br
²
Na Rocinha
Vai ser inaugurado ainda este
ano um laboratório de acesso à Internet na favela da Rocinha, no Rio
de Janeiro. O patrocínio é da TV
Rocinha e do provedor de acesso
carioca Bridge.
²
E-mail: netvox@uol.com.br
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