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DE OSWALD A NIEMEYER
Áreas como a fotografia, que não foi representada no evento, ganham espaço na mostra em SP
Exposição completa a Semana de 1922
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O ciclo de exposições com artistas modernistas brasileiros (Di
Cavalcanti e Tarsila do Amaral,
no MAM, e as obras da coleção
Fadel, no Centro Cultural Banco
do Brasil) recebe sua última e
mais completa etapa com a mostra "Brasil, da Antropofagia a Brasília - 1920-1950", que será aberta
no próxima sábado, no Museu de
Arte Brasileira da Faap.
Enquanto a mostra do CCBB
questiona o que seu curador, Paulo Herkenhoff, classifica como
uma "visão geopolítica da arte a
partir da geopolítica de São Paulo", a exposição da Faap, sob a curadoria do professor de literatura
da USP, Jorge Schwartz, assume a
Semana de Arte Moderna de 1922
como inspiração.
"Logo que recebi o convite para
organizar a exposição na Espanha, achei que era importante incorporar o caráter multidisciplinar da Semana de 22, apresentando assim artes plásticas, literatura,
arquitetura e música, incluindo
fotografia e cinema."
A ausência dessas duas áreas no
evento paulista, organizado há 80
anos, é, aliás, uma das críticas de
Herkenhoff ao vanguardismo
paulista. "Não tinha cabimento
um evento excluir a fotografia,
uma das expressões marcantes do
início do século 20", afirma o curador da mostra no CCBB.
Flávio de Carvalho
Apesar das visões divergentes,
ambos os curadores têm um ponto em comum: a importância do
artista Flávio de Carvalho. Ele é
destaque no CCBB e o único artista a ter uma sala especial na Faap.
"Ele transitou por várias áreas, da
arquitetura à pintura, de desenhista de roupas à performance",
afirma Schwartz.
Mesmo ressaltando a importância do casal Tarsila do Amaral e
Oswald de Andrade, fundadores,
junto com Raul Bopp, do movimento antropofágico (logo na entrada da mostra é possível vislumbrar, por um pequeno quadrado,
a tela "Abaporu", de Tarsila, que
inspirou Oswald no "Manifesto
Antropófago"), Schwartz aponta
o recifense Vicente do Rego Monteiro, como precursor da temática. O desenho "Antropófago"
(1921), que faz parte da mostra,
adianta em oito anos o texto de
Oswald, o que retira de certa forma a sua originalidade.
A mostra foi organizada com o
auxílio de cinco curadores para
seus diferentes temas. Na Faap,
ela está organizada em dez salas,
que obedecem a uma ordem cronológica. "Não quis nenhuma cenografia especial, são as obras que
devem ser ressaltadas", afirma
Schwartz.
O que foi motivo de crítica na
Espanha, o excesso de documentos e didatismo, foi mantido no
Brasil. A organização da mostra
privilegia o uso de vitrines na horizontal que, utilizadas em grande
quantidade, podem cansar o visitante.
Entretanto a diversidade de
obras expostas -há desde originais de documentos da organização da Semana de 22, pela primeira vez expostos, até maquetes italianas de edifícios modernos como o Copan, de Oscar Niemeyer,
e o conjunto do Pedregulho, de
Affonso Reidy, tornam a visita
um percurso de descobrimentos.
Independente do partido que se
tome.
(FABIO CYPRIANO)
BRASIL, DA ANTROPOFAGIA A
BRASÍLIA - 1920-1950. Mostra que
retrata 40 anos do modernismo
brasileiro de forma multidisciplinar.
Curadoria: Jorge Schwartz. Onde: Museu
de Arte Brasileira da Faap (r. Alagoas,
903, SP, tel. 0/xx/11/3662-7198).
Quando: abertura sábado (para
convidados); de ter. a sex., das 10h às
20h, sáb. e dom., das 13h às 18h. Até 2/
3/2003. Quanto: entrada franca.
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