São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2004 |
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Com investimentos em publicidade e exposições que privilegiam contextos sociais e culturais, museu erótico de Nova York tem crescimento do número de visitantes A cidade e o sexo
JOSEPH P. FRIED DO "NEW YORK TIMES" O sexo se tornou atração mais importante neste ano do que no ano passado, na esquina da Quinta Avenida com a rua 27, em Manhattan. Bem, pelo menos o Museu do Sexo (Museum of Sex). O espaço foi inaugurado em um edifício naquela esquina em outubro de 2002, alegando que o seu objetivo era "preservar e exibir a história, evolução e importância cultural da sexualidade humana". A criação do museu atraiu bastante cobertura da imprensa, denúncias pela Liga Católica de Defesa dos Direitos Religiosos e Civis e, de acordo com o fundador da instituição, mais de 15 mil visitantes nas primeiras seis semanas de operação no local. Àquele ritmo, disse o fundador, Daniel Gluck, a audiência ultrapassaria os 100 mil visitantes anuais necessários a tirar o museu do vermelho. Mas, depois que a onda de publicidade inicial se esgotou e com pouca verba para divulgar o museu, o número de visitantes caiu e ficou em cerca de 85 mil em 2003, informou Gluck recentemente. Neste ano, porém, em parte devido à expansão da verba publicitária, a freqüência aumentou, disse, "e, se a tendência se mantiver, podemos ultrapassar a marca dos 120 mil" visitantes no ano e atrair número semelhante de pagantes no ano que vem. Gluck, também diretor-executivo e anteriormente profissional do setor de computação e software, se recusou a discutir o faturamento da instituição, dizendo apenas que a fonte de receita era o ingresso, a US$ 14,50 (cerca de R$ 40). A idade mínima de admissão é, em geral, de 18 anos. As duas exposições em destaque no momento são "Sex among the Lotus: 2.500 Years of Chinese Erotic Obsession" [Sexo entre as Flores de Lótus: 2.500 Anos de Obsessão Erótica Chinesa] e "Vamps and Virgins: The Evolution of American Pinup Photography, 1860-1960" [Vamps e Virgins: A Evolução da Fotografia Norte-Americana de Pin-Ups, 1860-1960]. "Há registros explícitos, mas eles respondem por menos de 20% do que temos em exibição", afirma Gluck. "Não que haja alguma coisa de errada com esse tipo de material", acrescenta, "mas temos de colocá-lo no contexto da história social, da arte e da ciência". Assim, na mostra sobre a China, um visitante encontraria um antigo modelo de pênis em jade e vídeos contemporâneos explícitos de casais fazendo sexo mas também uma seção extensa sobre a prática tradicional chinesa de atar pés femininos para impedir seu crescimento. "Eram os sapatinhos que atraíam a atenção, mais do que o rosto das mulheres", explica o texto sobre a seção, e vídeos demonstram a maneira pela qual as bandagens apertadas, usadas constantemente, foram empregadas por séculos para limitar o crescimento dos pés femininos. "São muito fascinantes e informativos, os materiais asiáticos", disse David Armstrong, 25, do bairro do Brooklyn, que visitou o museu com Yvonne Taylor, 20, sua namorada, de Queens. Mas, disse ele, "talvez pudesse haver mais exposições". Jerry Gruning, 47, de San Diego, disse que o material em exposição valia o preço pago pelo ingresso e que recomendaria o museu a outras pessoas -ou, pelo menos, a "amigos que pensam do mesmo jeito". Tradução de Paulo Migliacci Texto Anterior: Crítica: "O Aprendiz" de Justus cede à malemolência Índice |
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