São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2008

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Ator da montagem original diz que é preciso manter "entrega absoluta e total"

DA REPORTAGEM LOCAL

"Era mais romântico naquele tempo", diz um saudoso Milton Gonçalves (o Zito da montagem original de "Chapetuba Futebol Clube"), quando instado a comparar o futebol de então (1959) ao de hoje. "Era uma coisa amadorística, tinha paixão demais, não precisava beijar a camisa para dizer que amava o time."
Para ele, ainda que "o mundo hoje tenha outras coordenadas", a remontagem (e as próximas produções do novo Arena) deve manter "a garra, o desejo, a entrega absoluta e total" do passado. O que talvez deva ser revisto, acredita o ator, é o engajamento transbordante dos textos de quatro décadas atrás.
"Honestamente, eu acho que esse tipo de peça já foi. Hoje, o discurso é outro para você conseguir o mesmo efeito de então. Você precisa de mais. Naquele tempo, passávamos informações que agora estão à disposição das pessoas no computador. O público ainda não estava, digamos, politizado o suficiente. Aceitava, ouvia e comparecia de forma profunda."
Augusto Boal, que dirigiu o espetáculo em 1959, avalia que "a situação hoje é totalmente diferente e totalmente igual" à daquele momento. "Diferente porque o Arena tinha acabado de inaugurar uma etapa de lançamento de autores brasileiros. Igual porque a peça trata da corrupção, e ela ainda existe, ainda que não mais aceita como forma de fazer política."
O diretor contesta a idéia de que o Arena fizesse um teatro de viés esquerdista. "Fazíamos um teatro político, pois toda peça que se dirige ao conjunto da sociedade representa uma ação política. Não é por colocar a realidade brasileira em debate que se é esquerdista. Isso é ser humanista." (LN)


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