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Ator da montagem original diz que é preciso manter "entrega absoluta e total"
DA REPORTAGEM LOCAL
"Era mais romântico naquele
tempo", diz um saudoso Milton
Gonçalves (o Zito da montagem original de "Chapetuba
Futebol Clube"), quando instado a comparar o futebol de então (1959) ao de hoje. "Era uma
coisa amadorística, tinha paixão demais, não precisava beijar a camisa para dizer que
amava o time."
Para ele, ainda que "o mundo
hoje tenha outras coordenadas", a remontagem (e as próximas produções do novo Arena)
deve manter "a garra, o desejo,
a entrega absoluta e total" do
passado. O que talvez deva ser
revisto, acredita o ator, é o engajamento transbordante dos
textos de quatro décadas atrás.
"Honestamente, eu acho que
esse tipo de peça já foi. Hoje, o
discurso é outro para você conseguir o mesmo efeito de então.
Você precisa de mais. Naquele
tempo, passávamos informações que agora estão à disposição das pessoas no computador. O público ainda não estava,
digamos, politizado o suficiente. Aceitava, ouvia e comparecia de forma profunda."
Augusto Boal, que dirigiu o
espetáculo em 1959, avalia que
"a situação hoje é totalmente
diferente e totalmente igual" à
daquele momento. "Diferente
porque o Arena tinha acabado
de inaugurar uma etapa de lançamento de autores brasileiros.
Igual porque a peça trata da
corrupção, e ela ainda existe,
ainda que não mais aceita como
forma de fazer política."
O diretor contesta a idéia de
que o Arena fizesse um teatro
de viés esquerdista. "Fazíamos
um teatro político, pois toda
peça que se dirige ao conjunto
da sociedade representa uma
ação política. Não é por colocar
a realidade brasileira em debate que se é esquerdista. Isso é
ser humanista."
(LN)
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