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Reformado, Arena reabre com Vianinha
Remontagem de "Chapetuba Futebol Clube", sobre a corrupção nos bastidores do futebol, inicia temporada no teatro
Espaço abrigou espetáculos como "Eles Não Usam Black-Tie" e "Arena Conta Zumbi'; apoio à nova dramaturgia brasileira foi traço definidor
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de um "jejum" de
quase meio século, o Chapetuba Futebol Clube volta a disputar uma vaga na primeira divisão do Campeonato Paulista. A
equipe fictícia da peça homônima de Oduvaldo Vianna Filho
(originalmente apresentada
em 1959) entra em campo na
remontagem que marca a reabertura do Teatro de Arena Eugênio Kusnet, em São Paulo -a
sala estava fechada desde janeiro de 2007 para reforma.
O hiato de 49 anos obviamente trouxe mudanças à escalação do time: no lugar de Flávio Migliaccio, Milton Gonçalves, Nelson Xavier e outros, entram 12 atores selecionados em
concurso da Funarte (mantenedora do espaço). O "técnico"
de agora é José Renato, diretor
de espetáculos históricos do
Arena, como "Eles Não Usam
Black-Tie" (1958) -que assume o posto de Augusto Boal.
"Chapetuba" acompanha os
preparativos da equipe interiorana para uma partida que pode mudar sua história. O entusiasmo coletivo divide a cena
com aspirações individuais, como as do goleiro Maranhão,
tentado a facilitar o jogo para o
adversário em troca de um cheque polpudo, ou as do artilheiro
Durval, vidrado numa possível
volta triunfal ao Flamengo.
"A escolha da peça do Vianinha [para reabrir o Arena] é
acertada porque o texto trata
de um tema de grande conhecimento popular, que é o futebol,
usado como símbolo de um
ideal ainda muito vivo hoje: o
de exercer com consciência
uma espécie de vida cidadã, um
espírito voltado para a convivência, para a comunidade",
afirma José Renato.
Palco brasileiro
Em 1959, "Chapetuba" seguiu a trilha de "abrasileiramento" do Arena, aberta no
ano anterior por "Eles Não
Usam Black-Tie", de Gianfrancesco Guarnieri. A dramaturgia, a partir de então assinada
por integrantes da trupe, dissecava as contradições e mazelas
do país. Na década seguinte, a
mordaça do regime militar não
calou o grito de liberdade de
"Arena Conta Zumbi" (1965) e
"Arena Conta Tiradentes" (67).
Como a Funarte ainda não
definiu o espetáculo que sucederá "Chapetuba", é impossível
dizer se a nova encarnação do
Arena terá uma veia política tão
marcada quanto a de 40 anos
atrás. Para José Renato, entretanto, "só tem sentido relançar,
revisitar uma obra tão importante como foi a do Arena mantendo aquele espírito de conquista, batalha social, reivindicação sobre os problemas políticos brasileiros".
"Mas não creio que remontagens sejam o caminho. Há necessidade de mostrar novas
dramaturgias. Essa remontagem é uma homenagem, uma
reapresentação do Arena às novas gerações. É uma amostra do
espírito, do fundamento e da
técnica. A renovação é absolutamente fundamental", diz ele.
CHAPETUBA FUTEBOL CLUBE
Quando: qui., sex. e sáb., às 21h; dom.,
às 20h; até 22/12 (volta em 4/1)
Onde: Teatro de Arena Eugênio Kusnet
(r. Teodoro Baima, 94, SP, tel. 0/xx/
11/3256-9463)
Quanto: R$ 10
Classificação: livre
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