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MÚSICA BALANÇO
Maceió Jazz Festival lança selo
CARLOS CALADO
enviado especial a Maceió
Um encontro do saxofonista japonês Sadao Watanabe com o violonista brasileiro Toquinho, gravado ao vivo. Este será o primeiro
projeto internacional do selo Maceió Jazz, que acaba de ser lançado
na capital alagoana.
Watanabe e Toquinho já estão
escalados para a quinta edição do
Maceió Jazz Festival, no próximo
ano, que também deverá contar
com a volta do bluesman norte-americano Gary Brown.
"Nosso festival é assim: também
já apresentamos Hermeto Pascoal
e Paulo Moura duas vezes. Se a platéia vibrou com um artista, por que
não trazê-lo de novo?", diz o produtor Rogério Carnasciali, que
criou o evento em 1995.
Realizado no último final de semana, durante três noites, o festival alagoano contou com cerca de
4.700 espectadores, segundo dados
divulgados pela produção. A noite
dedicada à MPB, com Toquinho e
Ivan Lins, foi a mais concorrida:
atraiu 2.500 pessoas.
Além de exibirem seus maiores
sucessos, em shows bastante
aplaudidos, os dois compositores
surpreenderam a platéia com um
encontro espontâneo: juntos, tocaram e cantaram "Amor em Paz",
de Tom Jobim.
Apesar de contar com um público bem menor, a noite dedicada ao
blues, no sábado, encerrou o festival em clima de festa. A banda carioca Big Allanbik e o saxofonista
Gary Brown quase transformaram
a paradisíaca área verde do hotel
Jatiúca, onde aconteceram os
shows, em salão de baile.
Brown (que faz hoje sua última
apresentação no Bourbon Street,
em São Paulo) excitou o público ao
descer do palco para tocar o hit
"All Night Long" (de Lionel Ritchie). Suas versões instrumentais
de "Ébano" (Luiz Melodia), "Papel
Machê" (João Bosco) e "Palco"
(Gilberto Gil) levaram boa parte da
platéia a acompanhá-lo cantando.
Já a noite de abertura -com o
grupo Triângulo (ex-D'Rivera, Tavares & Zinger Trio) e a banda liderada pelo clarinetista Paulo
Moura- surpreendeu pela reação
educada do público diante de concertos que seriam mais apropriados para o palco de um teatro.
Esbanjando técnica, a música latino-americana de câmera do
Triângulo (que faz um concerto
gratuito no Sesc Santo Amaro hoje,
às 12h) destacou peças de Piazzolla, Villa-Lobos e três choros de Pixinguinha, além de composições
de seus integrantes.
Já Paulo Moura comandou o
show mais jazzístico (o único, na
verdade) do festival. Especialmente quando trocou o clarinete pelo
sax alto e improvisou "The Man I
Love" e "Embraceable You" (ambas de Gershwin).
O saxofonista paulista -homenageado neste fim-de-semana durante a segunda edição do Festival
Paulo Moura, em São José do Rio
Preto- também chamou atenção
durante as entrevistas coletivas
que precedem os shows.
"Assim como existe um projeto
de preservação das tartarugas, em
Fernando de Noronha, deveria se
fazer algo para preservar a música
instrumental brasileira, que vem
sendo sabotada pelas gravadoras",
disse Moura.
A proposta contou com a adesão
imediata de Ivan Lins: "Precisamos criar umas ONGs, não só pela
música instrumental, mas pela boa
música popular brasileira. Já sugeri ao ministro da Cultura um projeto que incentivaria as rádios a tocar 20% de música instrumental na
programação diária".
˛
O jornalista
Carlos Calado viajou a convite da
organização do Maceió Jazz Festival.
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