São Paulo, sábado, 28 de novembro de 1998

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MÚSICA BALANÇO
Maceió Jazz Festival lança selo

CARLOS CALADO
enviado especial a Maceió

Um encontro do saxofonista japonês Sadao Watanabe com o violonista brasileiro Toquinho, gravado ao vivo. Este será o primeiro projeto internacional do selo Maceió Jazz, que acaba de ser lançado na capital alagoana.
Watanabe e Toquinho já estão escalados para a quinta edição do Maceió Jazz Festival, no próximo ano, que também deverá contar com a volta do bluesman norte-americano Gary Brown.
"Nosso festival é assim: também já apresentamos Hermeto Pascoal e Paulo Moura duas vezes. Se a platéia vibrou com um artista, por que não trazê-lo de novo?", diz o produtor Rogério Carnasciali, que criou o evento em 1995.
Realizado no último final de semana, durante três noites, o festival alagoano contou com cerca de 4.700 espectadores, segundo dados divulgados pela produção. A noite dedicada à MPB, com Toquinho e Ivan Lins, foi a mais concorrida: atraiu 2.500 pessoas.
Além de exibirem seus maiores sucessos, em shows bastante aplaudidos, os dois compositores surpreenderam a platéia com um encontro espontâneo: juntos, tocaram e cantaram "Amor em Paz", de Tom Jobim.
Apesar de contar com um público bem menor, a noite dedicada ao blues, no sábado, encerrou o festival em clima de festa. A banda carioca Big Allanbik e o saxofonista Gary Brown quase transformaram a paradisíaca área verde do hotel Jatiúca, onde aconteceram os shows, em salão de baile.
Brown (que faz hoje sua última apresentação no Bourbon Street, em São Paulo) excitou o público ao descer do palco para tocar o hit "All Night Long" (de Lionel Ritchie). Suas versões instrumentais de "Ébano" (Luiz Melodia), "Papel Machê" (João Bosco) e "Palco" (Gilberto Gil) levaram boa parte da platéia a acompanhá-lo cantando.
Já a noite de abertura -com o grupo Triângulo (ex-D'Rivera, Tavares & Zinger Trio) e a banda liderada pelo clarinetista Paulo Moura- surpreendeu pela reação educada do público diante de concertos que seriam mais apropriados para o palco de um teatro.
Esbanjando técnica, a música latino-americana de câmera do Triângulo (que faz um concerto gratuito no Sesc Santo Amaro hoje, às 12h) destacou peças de Piazzolla, Villa-Lobos e três choros de Pixinguinha, além de composições de seus integrantes.
Já Paulo Moura comandou o show mais jazzístico (o único, na verdade) do festival. Especialmente quando trocou o clarinete pelo sax alto e improvisou "The Man I Love" e "Embraceable You" (ambas de Gershwin).
O saxofonista paulista -homenageado neste fim-de-semana durante a segunda edição do Festival Paulo Moura, em São José do Rio Preto- também chamou atenção durante as entrevistas coletivas que precedem os shows.
"Assim como existe um projeto de preservação das tartarugas, em Fernando de Noronha, deveria se fazer algo para preservar a música instrumental brasileira, que vem sendo sabotada pelas gravadoras", disse Moura.
A proposta contou com a adesão imediata de Ivan Lins: "Precisamos criar umas ONGs, não só pela música instrumental, mas pela boa música popular brasileira. Já sugeri ao ministro da Cultura um projeto que incentivaria as rádios a tocar 20% de música instrumental na programação diária".
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O jornalista Carlos Calado viajou a convite da organização do Maceió Jazz Festival.



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