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TV ABERTA
Direção pesada quase destrói mito de
Evita
Clara
SBT, 14h15.
(Clara's Heart). EUA, 88, 107 min.
Direção: Robert Mulligan. Com Whoopi
Goldberg, Michael Ontkean. Governanta
jamaicana (Goldberg) ajuda família que
atravessa crise profunda após a perda de
um filho. Cinema de assistência social.
Mulligan já fez melhor.
Patch Adams - O Amor É Contagioso
Globo, 16h10.
(Patch Adams). EUA, 98, 115 min.
Direção: Tom Shadyac. Com Robin
Williams, Daniel London. Amor pelos
pacientes e humor serão receitas básicas
dos tratamentos prescritos pelo pouco
ortodoxo médico Hunter Adams. Com
esses métodos, ele curará e provocará a
dor de cotovelo dos seus pares. O filme é
baseado em fatos reais e tem por
natureza um lado piegas. Com Williams
no papel central, bota piegas nisso.
A Grande Virada
SBT, 23h45.
(The Big Tease). EUA, 99, 86 min. Direção:
Kevin Allen. Com Craig Ferguson, Francis
Fisher. Cabeleireiro escocês é convidado
a participar de concurso nos EUA. Vai. Na
verdade, ele foi convidado apenas para
ficar na platéia. Como os custos eram
grandes, ele batalha para entrar, de
verdade, no tal concurso.
Anna e o Rei
Globo, 23h.
(Anna and the King). EUA, 99, 148 min.
Direção: Andy Tennant. Com Jodie
Foster, Chow Yun-Fat. Viúva inglesa
torna-se preceptora dos incontáveis
filhos do rei do Sião, encara o déspota e
termina por ganhar sua estima.
Refilmagem em longa de "O Rei e Eu",
que já não era tudo isso. Barbas de
molho. Inédito.
Evita
SBT, 1h25.
(Evita). EUA, 96, 134 min. Direção: Alan
Parker. Com Madonna, Antonio
Banderas, Jonathan Pryce. A história de
Evita Perón, atriz, primeira-dama da
Argentina, mito entre os "descamisados"
de seu país, que morreu
prematuramente de câncer. Uma
direção pesada e um monte de músicas
berradas parecem pretender destruir o
mito de Evita.
Emmanuelle - O Mundo de Desejo
Bandeirantes, 1h30.
(Emmanuelle, a World of Desire). França,
96, 95 min. Direção: L.L. Shapira. Com
Krista Allen, Paul Michael Robinson.
Considerado um dos piores episódios da
série "Emmanuelle", esta produção traz a
bonitinha Krista Allen no papel de uma
mulher que coleciona uma série de
amantes.
Terremoto
SBT, 3h45.
(Earthquake). EUA, 74, 148 min. Direção:
Mark Robson. Com Charlton Heston, Ava
Gardner. Exemplo característico do
chamado "filme catástrofe" dos anos 70,
em que uma grande desgraça
(afundamento de navios, incêndio de
edifícios etc.) e a maneira como afetava
uma série de atores convidados eram o
centro dos acontecimentos. Aqui, trata-se de um grande terremoto em Los
Angeles. O interesse dramático é
mínimo. Tudo se sustenta nas imagens
espetaculares da destruição, que (pelo
menos na tela grande) são de fato
impressionantes. Só para São Paulo.
Vítima do Medo
Globo, 3h30.
(Kiss and Tell). EUA, 96. Direção: Andy
Wolk. Com Francie Swift, Cheryl Ladd.
Mulher casada e feliz (Swift) recebe visita
de uma mulher (Ladd) que diz ser
amante de seu marido. É o fim do paraíso
A Fábrica de Sonhos de George Lucas
SBT, 5h20.
(From Star Wars to Star Wars). EUA, 99.
Direção: Jon Kroll. Documentário sobre a
Industrial Light & Music, a empresa de
Lucas responsável pelo
desenvolvimento de efeitos especiais,
com participação de bambambãs dos
efeitos, como Harry Harryhausen, da
direção, como Steven Spielberg, além do
próprio Lucas. Um belo filme
institucional? A conferir, se alguém
aguentar o horário.
(IA)
TV PAGA
Para Zurlini, o sofrimento é nossa essência
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Valerio Zurlini é possivelmente o diretor de cinema mais triste do mundo. Que isso não desanime, pois, como nos
lembra Noel Rosa, saber sofrer é
uma arte.
Embora italianos, os protagonistas de "A Moça com a Valise"
(Eurochannel, hoje, 22h30, e amanhã, 14h) parecem mergulhados
na frase de Noel.
Ou pelo menos isso é o que
acontece com Aida (Claudia Cardinale), bela garota seduzida por
Marcello. Marcello é aquele que
sabe viver: ganha a garota, marca
um encontro e desaparece.
Manda em seu lugar o sensível
Lorenzo (Jacques Perrin), irmão
menor, que imediatamente se
apaixona por ela. Não há razão
nesse amor: Lorenzo é quase um
menino. Mas quem disse que no
amor a razão dá as cartas? É como
se Lorenzo visse em Aida o seu
duplo feminino, alguém destinado à infelicidade e a transformar a
própria infelicidade em beleza.
Porque se há uma coisa que não
falta a Zurlini é o sentido da beleza. É, nesse sentido, um clássico.
Isso vale para cada plano que
compõe. Mas vale, sobretudo, para os personagens que coloca em
cena. Claudia compõe uma figura
patética com sua valise à mão, indefesa, bela como nunca, à espera
de um sacripanta.
A felicidade bate à sua porta.
Mas quem disse que os infelizes
são capazes de percebê-la? Qualquer um na platéia nota que Lorenzo é mais belo, mais interessante, mais profundo que seu irmão. Bastaria Aida ser capaz de
olhá-lo para que a melancolia se
dissipasse do rosto do rapaz.
Mas será isso possível? Não, a
lógica do melodrama não é essa: a
felicidade está ali, ao nosso alcance, e não conseguimos percebê-la.
E se conseguimos haverá um fator
exterior a impedi-la. Em Zurlini,
como em Douglas Sirk, o sofrimento é nossa essência. Ele aponta nossos limites, nossas fraquezas, ao mesmo tempo que nos redime pela beleza que os rostos de
Claudia e, sobretudo, Jacques, exprimem tão enfaticamente.
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