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Mistura de poesia e música atrai grande público na França
DA REPORTAGEM LOCAL
Grand Corps Malade e Abd
Al Malik são, na França, nomes
tão poderosos quanto os de um
artistas de rock. Eles são os dois
principais MCs envolvidos com
a cena "slam" francesa.
Nascido no Congo e vivendo
em Paris desde 1975, Abd Al
Malik é o "radical" do cenário
de "spoken word" francês. Integrante do coletivo New African Poets, Malik é filósofo, escritor, muçulmano, autor do livro "Qu'Allah Bénisse la France" (que Alá abençoe a França),
e de dois discos. O mais recente,
"Gibraltar", foi aclamado pela
crítica de seu país -é possível
ouvir trechos em seu site (o endereço está no quadro ao lado).
Com ele, Malik afirma estar
fazendo uma "nova estética para a música rap", inspirada nas
canções tradicionais, no jazz,
no "slam" e na cena "spoken
word". As letras são engajadas e
tratam de política, racismo, miséria. Entre suas influências, cita os rappers norte-americanos
Nas, Mos Def e Jay-Z, além de
Miles Davis e John Coltrane.
Grand Corps Malade é, digamos assim, a face mais pop do
"spoken word" francês. Branco,
portador de uma deficiência física, Malade está envolvido
com a cena "slam" desde 2003
e, além de participar dos encontros, fundou a associação
"Flow d'encre", que realiza
eventos para divulgar o estilo,
como o "Slam Caravana", que
ocorreu neste ano.
A Folha acompanhou um
concerto de Grand Corps Malade em Paris, em novembro
deste ano. A popularidade do
rapper francês e seu carisma
são impressionantes.
Em uma casa de shows lotada, o público, que tinha de "manos" do rap a senhores com
pinta de intelectual, além de
muitos deficientes físicos, assistia a performance vibrando a
cada verso declamado.
No palco, Grand Corps Malade transforma o "slam" em um
grande espetáculo. Há momentos a capela, no qual ele permanece sozinho, e outros em que
rima como um MC de rap,
acompanhado por uma orquestra ou apenas um músico.
No auge, ele interage com
outros MCs espalhados pela
platéia. É de arrepiar.
(AFS)
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