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DA RUA
Paisagem noturna
FERNANDO BONASSI
Sábado à noite a cidade
próspera luzindo ao fundo,
como pequenas fogueiras
(não esqueçamos: o inferno
é aqui). Todos os bares escusos são perigosos. Escuro
pra se divertir enforcando
um gato, estourando uma
luz de mercúrio. Fugindo
dos camburões que brincam
de tiro ao alvo. Cada um se
segura num emprego, descola alguma coisa pra vender: fichas telefônicas, roupas dando sopa nos varais,
Opalas 79. Algo pra fumar,
pra beber até cair de qualquer altura. Dando voltas no
próprio rabo. Segunda-feira
ainda é apenas fumaça. Ninguém pensa que vai morrer.
Ninguém pensa que vai sobrar.
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