Em 5º e 6º ano de "Seinfeld", é George quem domina cena

LUCIANA COELHO
DA REPORTAGEM LOCAL

No começo , era Woody Allen. O cineasta serviu de inspiração ao ator Jason Alexander no teste para interpretar George Constanza. Mas, depois de ganho o papel, com os episódios transcorrendo, Alexander passou a achar que o atormentado personagem criado por Allen era um modelo um tanto aquém. E desgastado. E que as cenas de seu alter ego televisivo eram meio inverossímeis. Afinal, que ser humano seria tão mesquinho, tão neurótico e tão mentiroso quanto o amigo de infância do protagonista de "Seinfeld" (1990-1998), um dos maiores sucessos da TV americana na década passada?
Foi aí que Alexander resolveu levar sua dúvida ao co-produtor e co-criador da série, Larry David. E a ficha caiu. George era Larry.
A correlação mereceu um minidocumentário incluído entre os extras da quinta temporada de "Seinfeld", lançada recentemente em DVD no Brasil, junto com a sexta. É curto e é simples. Mas é o bastante para fãs intrigados em saber se o homem capaz de pegar uma bomba de chocolate no lixo e de encomendar a um marceneiro uma cama sob sua escrivaninha para dormir escondido no trabalho existe. (Pois existe, com uma ressalva: se George é um fracassado nato, Larry se tornou um dos mais bem-sucedidos produtores da TV americana recente.)
O programete aborda da construção do personagem -Alexander optou por usar roupas sempre um número menor no set para passar uma impressão desagradável às pessoas- à dificuldade do ator em se livrar da imagem de George após vivê-lo semanalmente durante nove anos para audiências recordes.
Não é difícil entender a razão. A pele do ator gorducho, careca, baixinho e de óculos casou perfeitamente com a personalidade picaresca de George.
As duas temporadas recém-lançadas dão uma boa medida disso. Podem não ser as melhores (há uma certa unanimidade em torno do quarto ano), mas são o auge de George: estão nas caixas "The Marine Biologist" (no qual Jerry diz que o amigo é um biólogo marinho, e ele depois se vê às voltas com uma baleia à beira da morte e uma namorada a ser impressionada), "The Lip Reader" (no qual ele tenta convencer uma namorada surda de Jerry a ler os lábios dos convidados de uma festa), "The Big Salad" (em que ele se irrita quando a namorada leva o crédito por trazer o almoço de Elaine) e "The Secretary" (em que ele dá um aumento à sua assistente durante uma sessão de sexo no escritório e descobre que ela passa a ganhar mais que o chefe).
Fora do domínio de George, há outros bons episódios -como o que Jerry aposta uma corrida para resolver uma rixa de adolescência ("The Race") e o que o personagem-título tenta trocar sua namorada pela amiga com quem ela divide apartamento ("The Switch").
Entre os extras, mais do mesmo das caixas anteriores: erros de gravação, esquetes promocionais, comentários da equipe e cenas inéditas. O destaque são três mini-animações feitas em cima de diálogos dos personagens.

Seinfeld - 5ª e 6ª temporada)
    
Distribuidora: Sony
Quanto: R$ 106, em média