Premiada HQ do americano Jeff Smith passa a ser publicada novamente no país após pausa de dois anos

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os primos Fobe Bone, Phoney Bone e Smiley Bone estão perdidos. Foram expulsos de sua vila após uma confusão e depois foram parar em uma floresta onde conheceram as perigosas "criaturas ratazanas", guerreiros, um poderoso dragão cheio de segredos e uma linda camponesa que pode ser uma princesa (ou não). E agora, após uma pausa de dois anos, a série "Bone" volta a ser publicada no Brasil.
"Bone" é uma HQ de fantasia, que alterna humor, mistério e aventura. Seu criador, Jeff Smith, é um quadrinhista diferenciado. Como desenhista, consegue passar cenas de emoção e aventura com a mesma intensidade, em quadrinhos em preto-e-branco e com um traço que lembra desenhos voltados para crianças. Afinal, os três primos Bone não são humanos, mas criaturas "fofinhas", pequenas, com olhos expressivos e um grande e desproporcional nariz.
Após uma primeira olhada, seria possível acreditar que se trata de quadrinhos infantis, mas não é o caso. Como roteirista, Smith conseguiu criar um universo próprio de fantasia, detalhado e imaginativo, que emprega em histórias engraçadas que, apesar do tom leve, podem apresentar temas sérios ou até tristes.
A publicação de "Bone" no Brasil começou em dezembro de 1998. Diferentemente dos Estados Unidos, onde a série saiu em 55 números avulsos, que depois eram republicados em edições encadernadas, aqui os livros já são lançados com mais de uma aventura por edição.
Assim, o volume que está chegando às livrarias, "A Princesa Revelada", é o décimo da série no Brasil, e traz os capítulos 32 a 34. Se continuar nesse ritmo de três histórias por edição, a série brasileira deve terminar no volume 17.
Diferente e criativo, "Bone" recebeu nove Eisner Awards, o prêmio mais importante dos quadrinhos norte-americanos -entre eles o de melhor publicação de humor (1993 a 95), série contínua (em 1994 e 95) e escritor-artista (1994).
A pausa de dois anos pode prejudicar a compreensão da saga para o leitor assíduo, assim como a ausência de um resumo detalhado e de uma apresentação dos personagens principais faz falta para os recém-chegados. Mas quem pega o ritmo acaba apreciando uma das HQs mais diferenciadas dos Estados Unidos.
Com as páginas em preto-e-branco de "Bone", Jeff Smith transmite uma fantasia colorida e surpreendente para o leitor.