|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Abelha não tem gosto de mel
JAIME SPITZCOVSKY
Editor de Exterior e Ciência
Os chineses comem tudo que
tem pernas, menos mesa, e tudo
que tem asas, menos avião.
A descrição dos hábitos alimentares do Império do Meio (nome
da China em chinês e mostra do
"sinocentrismo" de Pequim) carrega no exagero, mas não ignora a
realidade. A culinária do país mais
populoso do planeta, escorada em
tradições milenares e na perene escassez de recursos naturais, agarra
ingredientes diversos, entre eles os
insetos.
Pratiquei o meu primeiro ato insetívoro inadvertidamente. Em
Pequim, num jantar oferecido por
diplomatas chineses, saboreei bicho-da-seda frito pensando que
era um prato de cogumelos. O paladar parecia mesmo do mundo
vegetal.
A segunda incursão insetívora
ocorreu na província chinesa de
Yunnan, próxima à fronteira com
o Vietnã. De livre e espontânea
vontade, pedi abelhas fritas, um
prato típico da região.
O sabor era desprezível, quase
inexistia. Sobravam o aspecto crocante, e a decepção ao saber que
abelha não tem gosto de mel.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|