São Paulo, sexta, 29 de janeiro de 1999

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Abelha não tem gosto de mel

JAIME SPITZCOVSKY
Editor de Exterior e Ciência

Os chineses comem tudo que tem pernas, menos mesa, e tudo que tem asas, menos avião.
A descrição dos hábitos alimentares do Império do Meio (nome da China em chinês e mostra do "sinocentrismo" de Pequim) carrega no exagero, mas não ignora a realidade. A culinária do país mais populoso do planeta, escorada em tradições milenares e na perene escassez de recursos naturais, agarra ingredientes diversos, entre eles os insetos.
Pratiquei o meu primeiro ato insetívoro inadvertidamente. Em Pequim, num jantar oferecido por diplomatas chineses, saboreei bicho-da-seda frito pensando que era um prato de cogumelos. O paladar parecia mesmo do mundo vegetal.
A segunda incursão insetívora ocorreu na província chinesa de Yunnan, próxima à fronteira com o Vietnã. De livre e espontânea vontade, pedi abelhas fritas, um prato típico da região.
O sabor era desprezível, quase inexistia. Sobravam o aspecto crocante, e a decepção ao saber que abelha não tem gosto de mel.



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