São Paulo, sexta, 29 de janeiro de 1999

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Brasil come tanajuras

da Equipe de Articulistas

Segundo o autor de "The Eat-A-Bug Cookbook", a maioria dos povos indígenas do mundo ainda come insetos. De nativos da Argélia a apicultores da Malásia, que comem larvas de abelhas, até habitantes das zonas rurais da África do Sul, para quem o hábito de comer lagartas é bastante comum. O livro cita ainda o caso do músico Louis Armstrong, que tomava sopa à base de baratas, na infância, contra dores de garganta.
Mas não é preciso ir longe. Em pleno bairro de Boa Viagem, em Recife, nos anos 60, era hábito nosso catar tanajuras (a fêmea da saúva) para assá-las e comê-las. Tanajuras são formigas de asas, que fazem ninho nas árvores e costumavam surgir em nuvens no início da estação quente. Adultos e crianças iam para debaixo das árvores com urupemas (peneira grande) e latas para abater as tanajuras.
O chão ficava forrado delas. Havia quem acreditasse que cantar os versos da cantiga "tanajura, cai, cai /pela vida de teu pai" ajudava a fazê-las cair. Arrancavam-se asas, patas e cabeças. A parte posterior era assada com manteiga. Comia-se com farinha, e tinha um delicioso gosto de amendoim.
Ainda hoje, na feira de Caruaru, em Pernambuco, costuma-se vender tanajura assada em saquinhos, como se fosse pipoca. (MF)



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