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NOITE ILUSTRADA ERIKA PALOMINO
Quem disse que em janeiro não tem nada?
SÃO Paulo não é Nova York, mas
está parecendo. Primeiro, pega fogo num dos clubes mais luxuosos
da cidade, o Chaos (que aliás tem
filial em Nova York). Modelos choram na porta; donos de clube concorrente brindam com champagne; moradores descem dos prédios
vizinhos para aplaudir. Quer coisa
mais Nova York que isso? De toda
forma, os boatos dão conta que o
clube iria fechar de qualquer forma, já que havia duas multas por
conta do projeto Psiu (taí uma coisa que realmente funciona em São
Paulo). Eu digo Rudolph Giuliani!
Entre os donos, existe uma intenção de fazer alguma coisa, mas nada ainda foi decidido. Primeiro
eles precisam "resolver pepinos
antigos" e receber o dinheiro do
seguro. É Nova York ou não é?
²
DEPOIS, ganhamos anteontem
um clube tipo internacional, o U-Turn, que tem como projeto, você
sabe, mudar de três em três meses
já sabendo que a gente se cansa rápido das coisas mesmo. Palmas para o arquiteto, Paulus Magnus, que
concebeu aquela que é uma das
pistas mais bonitas da cidade, com
o pé direito alto na medida certa. E
diz que na véspera, por conta das
tintas secando, todo mundo tinha
que andar de meias no meio das
obras. A inauguração estava abarrotada. Em São Paulo é assim: se
não está entupido, não é sucesso.
Então vamos encher a casa! E do
que deu para ver entre centenas de
pessoas, o clube com certeza é lindo, com decoração optical de Muti
Randolph, que também fez os prêmios da coluna, lembra? No aperto, as barangas-de-sandália ficam
ainda mais grossas, e os bofes de
camisa listrada ainda mais dzarms.
Mas todos os mailings estavam lá.
Do underground, estavam quase
todos lá também, concentrados à
volta da Normanda, na chapelaria
que já nasce famosa. Do staff, Luiz
Eurico Klotz e Betão Pandiani recebiam "as
themselves"; a
hostess Adriana Recchi vestia saia de tacha
de Alexandre
Herchcovitch
(a nossa Fernanda Montenegro, segundo
Fernando Zarif
-que anda
anunciando
também ida
para Paris), e
Cacá Ribeiro
vestia Sommer
(da nova coleção, claro).
²
E quem disse
que não acontece nada no
começo do ano
em São Paulo?
Começa na
quinta-feira o
projeto "Tribos
Eletrônicas",
com 12 grupos
e quatro DJs,
pretendendo
transformar o
palco do Sesc
Vila Mariana
em pista de
dança. Os ingressos são
amigos, a R$ 10
e R$ 5. Os destaques da programação são Ramilson Maia; Moreno Veloso e D2; Nude e Daúde e
M4J (na quinta em si); sexta tem
Habitants; Edgard Scandurra e Arnaldo Antunes; sábado tem o inglês Aphrodite, de jungle; Otto e
André Abujamra; domingo tem
Friendtronik (do Xerxes) e a estrela do momento na cidade, o DJ
Marky Mark.
²
E, por falar em DJ, Noite Ilustrada
prossegue a discussão em torno
dos ingressos vip, sobre o cachê
dos DJs etc, polêmica discutida por
Angelo Leuzzi e Mau Mau nos prêmios da coluna. Pelos mails recebidos, dá para notar que o povo do
underground parece bem disposto
a pagar um ingresso simbólico para ajudar os clubes a bancar as noites e tal. "Não vejo o fato de não pagar entrada como algo que classifique alguém como vip ou não. Isso
está mais ligado ao glamour de
passar batido pela fila na porta do
que uma questão financeira", diz
Gaia Passarelli, do site Rraurl. "Escutei de pessoas na Lov.e que elas
só estavam ali porque o DJ "tal' estaria tocando. Então acho que o DJ
com certeza merece os melhores
cachês", diz outro leitor. Um DJ
em São José dos Campos diz que,
mesmo iniciante, ganha em sua cidade R$ 120. Outro motivo, além
de fazer dinheiro, é dar uma nivelada no público, pelo poder aquisitivo. E você, o que acha?
E agora mesmo que a situação vai
complicar,
com a alta dos
discos importados. Um single americano
ou inglês está
na faixa de R$
25 a R$ 27. Na
Galeria Ouro
Fino esse preço já existe há
duas semanas
e ontem bateu
nos R$ 30, mas
nas galerias do
centro, a B-Side vende a loja
inteira a R$ 15
(semana que
vem aumenta). Com cachê
baixo, como
nossos DJs poderão se atualizar? Será o
reinado das
coletâneas, talvez?
²
ENQUANTO
isso, os DJs do
Rio se articulam num fórum informal
de profissionais relacionado a rádio, casas e festas.
Mas tudo do mainstream. Eles se
reúnem na casa de um deles, no
bairro de Santa Teresa, para tentar
barrar o avanço do pagode e do axé
diante da música eletrônica nesses
eventos. Isso mesmo.
²
TUDO acontece meio na surdina,
sem divulgação, somente para os
seletos convidados. "Nem adianta
ir que não vai entrar", declarou um
dos integrantes dessa "sociedade
secreta".
MAS o Carnaval está aí, e o povo
no Rio se articula. Fabio Demente
sai na frente, na Fundição novamente, com Renato Cecin e DJs
australianos na festa conjunta com
o povo de Sydney, isso no dia 13,
sábado de Carnaval. Na terça-feira,
dia 16, quem toca é o DJ Abel, de
Miami. A Bunker, das festas tecno
mais animadas do Rio, funciona
normalmente, enquanto outra novidade da cidade é a estréia da Disco Fever de Mauro Borges na cidade, onde antes era o Factoria.
²
E, por conta dessa estréia, um ônibus de drag queens tipo Priscilla
foi para o Rio e virou reportagem
do "Fantástico" semana passada,
super do bem, supercarinhosa e
respeitosa. E Léia Bastos subiu no
ônibus, correndo, tipo Priscilla
mesmo. E quem diria que isso iria
acontecer há cinco anos, hein? Parabéns para todos!
²
E, por falar em Marky Mark, ele toca hoje (e toda sexta) na Torre do
Dr. Zero, junto com o Bispo. Hoje
tem também lá o show do Currupyo, o sensacional projeto de breakbeat de Ramilson Maia. Também
hoje, não perca a volta do queridíssimo DJ Zozó à Lôca, com ingressos amigos a R$ 10,00.
²
E, falando em sexta, Oscar Bueno é
agora também promoter das sextas do Lov.e, além do Lov.e in Paradise com George Actv.
²
CACÁ Di Guglielmo, representante oficial de Santos na cena, estréia
hoje no Massivo Litoral projeto de
música eletrônica, o Atomic.
"Queremos ampliar a cena da Baixada Santista", diz o Palito.
²
E a cor do verão moderno em São
Paulo é o branco. Dos fashionistas
do MorumbiFashion aos hypes do
U-Turn. Se joga!
²
E-mail: palomino@uol.com.br
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