São Paulo, sexta, 29 de janeiro de 1999

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"O BEIJO HOLLYWOODIANO DE BILLY"
Diretor estreante quer produto que vá ao encontro da verdade

CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

Tommy O'Haver, 30, que estréia agora na direção com o filme gay "O Beijo Hollywoodiano de Billy", cresceu com filmes.
A partir dos 12 anos, realizou curtas em super-8. Depois tornou-se crítico de cinema (inicialmente do jornal do colégio em Indianápolis). Mudou-se para Los Angeles em 1991 e logo arrumou emprego como assistente de produção.
"Realizei então alguns curtas, apresentados no New York Film Festival e no Sundance. Foi com eles que consegui o dinheiro para produzir meu longa", disse à Folha, por telefone, de LA.
"O Beijo Hollywoodiano de Billy" custou cerca de US$ 250 mil e rendeu cerca de US$ 2,5 milhões no mercado norte-americano. Rendeu-lhe ainda um convite da Universal para ingressar no "mainstream": seu próximo filme está orçado em US$ 15 milhões.

Folha - Seu filme fala sobre as dificuldades de um relacionamento homossexual, mas também sobre cinema, fotografia, música, teatro. Você procurou fazer um filme sobre gays ou sobre os anos 90?
Tommy O'Haver -
Muitas vezes eu vejo esse filme como um filme sobre cinema e não sobre o fato de ser gay ou não. É sobre a maneira como os filmes criam nossa percepção do mundo e estimulam nossas fantasias. É um filme muito gay, mas também é sobre como somos humanos. Acho que ele opera nos dois níveis. Muitas pessoas me dizem que ele não é muito gay, mas outras dizem não acreditar como ele possa ser tão gay.
Folha - Pareceu-me que você tem um olhar muito humanístico sobre o universo gay, mas, ao mesmo tempo, trabalha com vários clichês, como as cenas de dublagem das drag queens. Que tipo de cinema você quer fazer?
O'Haver -
Eu acredito que toda arte deveria ir ao encontro da verdade, mas vejo que muitos filmes independentes não são sobre a verdade, mas sobre "atitudes", sem nenhuma alma ou coração.
Isso não significa que eu não goste de um filme que mostra o lado negro do indivíduo. Existe esse filme dinamarquês chamado "Festa de Família". Ele tem seu lado humanístico em um nível, mas também trabalha com um certo cinismo. Ele tem "atitude", mas vai além disso.
Folha - Quais são suas influências em cinema? Do que você gosta?
O'Haver -
Adoro Fellini. Também gosto de Cocteau. Acredito em muitas coisas que ele diz sobre cinema. Também gosto muito de Samuel Fuller e de Douglas Sirk. Eu gosto de tudo.
Folha - Qual é seu próximo filme?
O'Haver -
Ele se chama "Archie" e é baseado em uma história em quadrinhos. Fez muito sucesso nos anos 40 e é muito romântico. É sobre um adolescente americano que vive às voltas com lindas, glamourosas e ricas adolescentes. Será um tipo de melodrama romântico.
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Filme: O Beijo Hollywoodiano de Billy
Produção: EUA, 1998 Direção: Tommy O'Haver
Com: Sean P. Haynes, Brad Rowe, Paul Bartel, Meredith Scott Lynn Quando: estréia hoje, no Cinearte 1




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