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"O BEIJO HOLLYWOODIANO DE BILLY"
Diretor estreante quer produto que vá ao encontro da verdade
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
Tommy O'Haver, 30, que estréia
agora na direção com o filme gay
"O Beijo Hollywoodiano de Billy",
cresceu com filmes.
A partir dos 12 anos, realizou
curtas em super-8. Depois tornou-se crítico de cinema (inicialmente
do jornal do colégio em Indianápolis). Mudou-se para Los Angeles
em 1991 e logo arrumou emprego
como assistente de produção.
"Realizei então alguns curtas,
apresentados no New York Film
Festival e no Sundance. Foi com
eles que consegui o dinheiro para
produzir meu longa", disse à Folha, por telefone, de LA.
"O Beijo Hollywoodiano de
Billy" custou cerca de US$ 250 mil
e rendeu cerca de US$ 2,5 milhões
no mercado norte-americano.
Rendeu-lhe ainda um convite da
Universal para ingressar no
"mainstream": seu próximo filme
está orçado em US$ 15 milhões.
Folha - Seu filme fala sobre as dificuldades de um relacionamento
homossexual, mas também sobre
cinema, fotografia, música, teatro.
Você procurou fazer um filme sobre gays ou sobre os anos 90?
Tommy O'Haver - Muitas vezes
eu vejo esse filme como um filme
sobre cinema e não sobre o fato de
ser gay ou não. É sobre a maneira
como os filmes criam nossa percepção do mundo e estimulam
nossas fantasias. É um filme muito
gay, mas também é sobre como somos humanos. Acho que ele opera
nos dois níveis. Muitas pessoas me
dizem que ele não é muito gay, mas
outras dizem não acreditar como
ele possa ser tão gay.
Folha - Pareceu-me que você tem
um olhar muito humanístico sobre
o universo gay, mas, ao mesmo
tempo, trabalha com vários clichês, como as cenas de dublagem
das drag queens. Que tipo de cinema você quer fazer?
O'Haver - Eu acredito que toda
arte deveria ir ao encontro da verdade, mas vejo que muitos filmes
independentes não são sobre a verdade, mas sobre "atitudes", sem
nenhuma alma ou coração.
Isso não significa que eu não goste de um filme que mostra o lado
negro do indivíduo. Existe esse filme dinamarquês chamado "Festa
de Família". Ele tem seu lado humanístico em um nível, mas também trabalha com um certo cinismo. Ele tem "atitude", mas vai
além disso.
Folha - Quais são suas influências
em cinema? Do que você gosta?
O'Haver - Adoro Fellini. Também
gosto de Cocteau. Acredito em
muitas coisas que ele diz sobre cinema. Também gosto muito de Samuel Fuller e de Douglas Sirk. Eu
gosto de tudo.
Folha - Qual é seu próximo filme?
O'Haver - Ele se chama "Archie" e
é baseado em uma história em
quadrinhos. Fez muito sucesso nos
anos 40 e é muito romântico. É sobre um adolescente americano que
vive às voltas com lindas, glamourosas e ricas adolescentes. Será um
tipo de melodrama romântico.
²
Filme: O Beijo Hollywoodiano de Billy
Produção: EUA, 1998
Direção: Tommy O'Haver
Com: Sean P. Haynes, Brad Rowe, Paul
Bartel, Meredith Scott Lynn
Quando: estréia hoje, no Cinearte 1
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