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Marília Pêra fará outra montagem de "Irma Vap"
Atriz volta a dirigir peça de sucesso dos anos 80; no cinema, está em "Polaróides Urbanas"
Espetáculo sobre Dercy Gonçalves também será dirigido por Pêra; como atriz, vai trabalhar em musical de Ivaldo Bertazzo
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Esta é para Miguel Falabella,
que dá os primeiros passos em
direção de cinema com "Polaróides Urbanas" (estréia de hoje) emoldurar e pregar na parede da sala: "O estilo dele me
lembra o do Woody Allen, tem
um tipo de delicadeza, de graça
sutilíssima".
A comparação é da atriz Marília Pêra, que vive as irmãs gêmeas Magali e Magda na adaptação da peça "Como Encher
um Biquíni Selvagem", e emenda mais elogios ao diretor estreante: "Às vezes, os atores se
enredam em nós, complicações
que parecem insolúveis, e um
colega [diretor que seja também ator] tem mais facilidade
de chegar nesse ponto do que
um grande encenador ou realizador de imagens. O Miguel
tem essa objetividade."
Nos palcos, ela própria anda
bastante requisitada para desatar os tais nós. Sua agenda de
diretora neste ano é encabeçada pela remontagem de "O Mistério de Irma Vap", cuja versão
original (também comandada
por ela) ficou 11 anos em cartaz
e fechou suas cortinas como
um dos maiores sucessos da
história do teatro brasileiro.
Nos papéis que couberam a
Ney Latorraca e Marco Nanini,
entram Cássio Scapin ("Andaime") e Marcelo Médici ("Cada
Um com Seus Pobrema"). A estréia está prevista para o fim de
setembro, em São Paulo.
Se alguém duvida que Pêra
consiga replicar a ágil movimentação cênica (com trocas
frenéticas de figurino) que celebrizou o primeiro "Irma", ela
avisa: "Quando releio o texto,
vejo que todos os truques de cena estão na minha cabeça. Mas
como o cenógrafo, o figurinista
e os tempos são outros, estou
aberta a sugestões".
Palpites que poderão vir
também dos atores. Scapin
afirma que a tecnologia disponível hoje incrementaria uma
ou outra cena, mas frisa que a
essência do vaudeville de Charles Ludlam não mudou: "Como
é um espetáculo de virtuosismo, tudo será feito em cima do
físico. As coisas que possam
surgir não terão arcabouço intelectual, serão resultado da
prática [ensaios]".
Comédia no Rio
Antes do novo "Irma", Pêra
dirige Reynaldo Gianecchini e
Camila Morgado na comédia
"Doce Deleite", de Alcione
Araújo, reunião de esquetes
protagonizados por personagens ligados ao teatro, como a
bilheteira, a grande dama, o
contra-regra e o cantor de ópera. A estréia é em maio, no Rio,
com temporada paulistana a
partir de setembro.
Sim, você leu certo: Camila
Morgado, de "Olga" e "A Casa
das Sete Mulheres", fará rir. "A
Camila é engraçadíssima, tem
um "não se dar tanta importância" que é essencial a qualquer
comediante. E conhece o efêmero da vida", diz Pêra.
Ainda em 2008, ela pretende
orientar os ensaios de "A Condessa", que narra a formação de
um triângulo amoroso entre
um crítico de arte, uma bela
mulher e um jovem pintor, e "A
Dama da Van", sobre um escritor que abriga uma mendiga
"imunda, mal-educada mas
pianista exímia" no jardim de
sua casa por 15 anos. Ela quer
Ney Latorraca no papel da senhora malcriada.
E há também o espetáculo
sobre a vida de Dercy Gonçalves que Fafy Siqueira deve estrelar. "Pedi que a [autora] Maria Adelaide Amaral botasse em
cena um homem e uma mulher
para serem maltratados pela
Dercy. O público adora ver gente maltratada, né", diverte-se.
"Louco" do Ivaldo
Tantos compromissos como
diretora não vão tornar bissextas suas aparições como atriz?
"Não faço muito planejamento.
É que tenho recebido muitos
convites para dirigir, e é um
pouco por ordem de chegada."
Boa notícia: no "guichê" de
Pêra, a "senha" do coreógrafo
Ivaldo Bertazzo, que a chamou
para atuar em seu próximo espetáculo, está prestes a ser chamada. Ela se muda para São
Paulo em junho, já que "o louco
do Ivaldo" pretende estrear em
agosto sua revisão histórica do
musical brasileiro. "Ele é o
Glauber Rocha da dança", pontifica a atriz.
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