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Coleção traz livro de Jorge Amado
"Tocaia Grande - a Face Obscura", lançado em 1984, estará à venda no próximo domingo nas bancas
DA REPORTAGEM LOCAL
Terceiro volume da "Coleção
Folha Grandes Escritores Brasileiros", "Tocaia Grande - A
Face Obscura", com seus coronéis e jagunços, prostitutas e
imigrantes, constitui uma espécie de regresso do escritor
Jorge Amado (1912 -2001) ao
universo que o consagrou: o dos
grandes painéis da região do cacau.
Regresso, na verdade, não é a
palavra mais apropriada, já que
o autor sempre se manteve próximo da temática. "Tocaia
Grande" (1984) insere-se na
seara dos livros "Terras do
Sem-Fim" e "Gabriela Cravo e
Canela".
São obras que indicam uma
tentativa de conciliar o velho e
o novo numa utopia popular,
não isenta de contradições, que
caminha ora para a tragédia,
ora para a comédia.
Representante do chamado
"romance de [19]30", como
Erico Verissimo, Rachel de
Queiroz e Graciliano Ramos,
Amado publicou mais de três
dezenas de livros. Foi - e ainda
é, sete anos após sua morte - o
mais conhecido ficcionista brasileiro. E qual é a razão desse
fascínio? Em parte a resposta
está na matéria que ele escolheu narrar: a gênese de uma civilização.
Fronteiras incertas
Trata-se de um terreno de
fronteiras incertas, em que as
forças da barbárie sofrem a
pressão das regras coercitivas
do "progresso".
Tocaia Grande, por exemplo,
é um paraíso ungido em sangue. Escora-se em normas políticas próprias a uma ordem
pré-industrial. Nasceu como
recompensa ao jagunço tornado capitão Natário da Fonseca,
que ali exerce o poder como um
líder militar. As terras são dadas a quem necessitar e os amores correm sem freios.
Mas a cidade -o grande personagem deste romance- percebe que não pode viver fora do
mundo. Recebe a visita de representantes da Igreja, que
pretendem erradicar a lascívia.
Depois, enfrenta a investida do
filho do antigo protetor de Natário, que deseja conquistá-la.
Em seu rastro seguem o juiz, o
promotor, o intendente, os
agentes da "sociedade" pretensamente ordenada e moderna.
Para plasmar o assunto de
suas fábulas -o mundo caduco,
que teima em não sucumbir- e
para compor um panorama
vastíssimo e cheio de personagens, Amado combinou o realismo bruto com técnicas narrativas emprestadas ao romantismo e à tradição oral do Nordeste. Uma estratégia que se
mostrou bem-sucedida.
A "Coleção Folha Grandes
Escritores Brasileiros" reúne
20 títulos. Depois de "Tocaia
Grande", é a vez de "Sentimento do Mundo", de Carlos Drummond de Andrade.
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