São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ARTES PLÁSTICAS
Museu paulistano inaugura, na sexta-feira, mostra em que o destaque é o original do Tratado de Tordesilhas, de 1494
Masp ilustra colonização brasileira

Divulgação
"O Inferno", óleo sobre madeira de mestre anônimo português do século 16, que está na mostra


da Reportagem Local

O Museu de Arte de São Paulo (Masp) começa a comemorar, na próxima sexta-feira, os 500 anos do Descobrimento do Brasil, com a mostra Brasil 500 Anos - Descobrimento e Colonização, com cerca de 200 pinturas, desenhos, mapas e documentos históricos.
O grande destaque é o original do Tratado de Tordesilhas, de 1494, que comparece no primeiro dos quatro módulos da mostra. O tratado determinava que Portugal e Espanha dividiriam entre si as novas terras descobertas. Portugal ficaria com a parte a leste de uma linha imaginária de norte a sul localizada a 370 léguas de Cabo Verde.
O módulo conta ainda com a Carta de Mestre João, documento que narra a rota da esquadra de Cabral. Mestre João foi o físico e cirurgião que realizou o registro astronômico do céu da nova terra descoberta e o primeiro que nele identificou o Cruzeiro do Sul.
Além de documentos históricos, o primeiro módulo traz obras de arte importantes, embora esse não seja o forte da mostra. Será exibida, por exemplo, a pintura "O Inferno", de autoria de um mestre anônimo português do século 16, em que um índio representa o papel do diabo.
Para estabelecer um contraponto com essa imagem, será utilizado o quadro "Moema", de Victor Meireles, do acervo do Masp, em que a índia é apresentada de uma maneira bucólica e mítica. Essa obra não ficará todo o tempo na mostra pois já está cedida para a Mostra do Redescobrimento, que começa em 23 de abril. Será substituída por "A Primeira Missa de São Vicente", de Rugendas.
Outros destaques desse primeiro segmento são a tela "O Bom Pastor", de Frei Carlos, o mais importante pintor português da primeira metade do século 16, e a monumental tapeçaria "O Desembarque" (4,6 m x 7 m), realizada pelos mestres tapeceiros de Tournai, na Bélgica, e que representa a chegada dos portugueses à Índia e o encontro do Ocidente com o Oriente.
A mostra é mais histórica que artística, concorda Luiz Marques, um dos curadores da mostra. "É uma mostra histórica que se vale de algumas obras de arte para ilustrar algumas teses e torná-la mais atraente e multiforme", disse em entrevista à Folha.
"Ela tem uma coluna dorsal que é a questão sobre como Portugal incorpora em um contexto histórico esse território mítico que eles acabam de descobrir. Pretende mostrar como o país se tornará um receptáculo de um projeto europeu que parte de uma dimensão geopolítica, o Tratado de Tordesilhas, e não mítica. O Brasil será um modelo da projeção urbana portuguesa", complementou.
O segundo segmento da mostra será dedicado à formação da imagem cartográfica do Brasil e, por isso, será composto basicamente por mapas, instrumento indispensável para o estabelecimento das rotas comerciais de navegação e para a localização precisa das novas terras descobertas.
Isso só foi possível com a invenção da "projeção cilíndrica de 360 graus" pelo cartógrafo flamengo Mercator, que possibilitou que o mundo redondo fosse representado em um espaço plano e retangular. "O século 16 caracterizou-se por uma verdadeira revolução cartográfica", disse Marques.
O terceiro módulo trará mapas e desenhos de vilas e cidades do Brasil colonial, principalmente de seus sistemas de defesa. O quarto será centrado na paisagem urbana brasileira e usará autores do acervo do Masp, como Frans Post, Thomas Ender, Menotti Del Picchia e outros. (CF)

Mostra: Brasil 500 Anos -Descobrimento e Colonização Curadoria: Luiz Marques, Nestor Goulart Reis Filho, José Luís Porfírio e Vasco Caldeira Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, tel. 0/ xx/11/251-5644) Vernissage: sexta, às 19h (para convidados) Quando: de ter. a dom., das 11h às 18h. A bilheteria fecha às 17h Quanto: R$ 10 e R$ 5 (estudantes). Entrada franca para maiores de 60 anos e menores de 10 anos Patrocinador: Banespa

Texto Anterior: Marcelo Coelho: Neutralidade é qualidade em "Hans Staden"
Próximo Texto: Redescobrimento tem site
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.