São Paulo, domingo, 29 de março de 2009

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"Cantando na Chuva" é destaque da Coleção Folha

Terceiro volume chega às bancas no próximo domingo com o musical de 1952 estrelado por Gene Kelly e Debbie Reynolds

Filme resume o espírito da comédia musical, gênero que teve seu ápice nos anos 50, e mostra como a chegada do som abalou o cinema


DA REPORTAGEM LOCAL

A imagem de Gene Kelly dançando e sapateando sob a chuva está entre as mais memoráveis já produzidas por Hollywood. A cena é um dos 15 números musicais do filme que hoje é considerado, com justiça, a melhor tradução do espírito da comédia musical, gênero que teve seu ápice nos anos 50.
Mas nem sempre foi assim. Logo depois de sua première, em março de 1952, "Cantando na Chuva" -terceiro volume da Coleção Folha Clássicos do Cinema, nas bancas a partir do próximo domingo, 5 de abril- foi posto de lado para dar lugar ao relançamento de "Sinfonia de Paris" (1951), de Vincente Minelli, produção do mesmo estúdio (MGM) que havia acabado de ganhar seis Oscars.
Durante muitos anos, apenas os musicais de Minelli tinham o status de obra de arte e de "filmes de autor" -uma percepção que só começou a mudar a partir do fim dos anos 80.
A principal fonte de inspiração de "Cantando na Chuva" foi a peça "Once in a Lifetime", de Moss Hart e George S. Kaufman, farsa sobre a chegada do som a Hollywood que havia feito muito sucesso em 1930.
O roteiro de Betty Comden e Adolph Green transforma fiapos de situações cômicas em belos pretextos para um desfile de números musicais. Várias canções trazem letra de Arthur Freed, também produtor do filme e responsável pela divisão de musicais da MGM.

Enfim, o som
Gene Kelly, Debbie Reynolds e Donald O'Connor vivem Don, Kathy e Cosmo, trinca de amigos envolvida com a produção de um filme no estilo "capa-e-espada". A produção é interrompida depois do sucesso de "O Cantor de Jazz", primeiro filme falado, e precisa ser reformulada para incorporar o som.
No caminho, há uma pedra: a tenebrosa voz da estrela Lina Lamont (a impagável Jean Hagen, indicada ao Oscar de atriz coadjuvante). A solução encontrada é a dublagem, e a doce Kathy generosamente empresta sua voz à estrela.
O tema central de "Cantando na Chuva", portanto, são as possíveis relações entre som e imagem, a natureza do espetáculo e o artifício da representação. Tudo é encenado como uma grande fábula, em que a heroína teve sua voz roubada pela vilã e precisa recuperá-la.
Todos os números musicais foram criados e dirigidos por Kelly, enquanto as cenas não musicais foram dirigidas por Stanley Donen -por isso, eles dividem os créditos de direção.
Além do clímax sob uma chuva torrencial, outros números garantem o deleite do espectador. Entre eles está "Make Them Laugh", que, apesar de ter uma canção calcada em "Be a Clown", de Cole Porter (composta para o musical "O Pirata"), ganha no filme uma interpretação original e trepidante de Donald O'Connor.
Duas sequências revelam os bastidores da magia do cinema e do espetáculo musical. A primeira é uma cena romântica em um estúdio vazio onde Don se declara a Kathy usando artifícios disponíveis ali (iluminação, adereços, ventiladores). A outra é um grande número chamado "The Broadway Ballet", em que Gene Kelly reúne canções da série cinematográfica "Broadway Melody" para criar uma cena extravagante, com vários cenários, e que culmina com um sensualíssimo "pas de deux" com Cyd Charisse.


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