|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DVDs
"Cantando na Chuva" é destaque da Coleção Folha
Terceiro volume chega às bancas no próximo domingo com o musical de 1952 estrelado por Gene Kelly e Debbie Reynolds
Filme resume o espírito da comédia musical, gênero que teve seu ápice nos anos 50, e mostra como a chegada do som abalou o cinema
DA REPORTAGEM LOCAL
A imagem de Gene Kelly dançando e sapateando sob a chuva
está entre as mais memoráveis
já produzidas por Hollywood. A
cena é um dos 15 números musicais do filme que hoje é considerado, com justiça, a melhor
tradução do espírito da comédia musical, gênero que teve
seu ápice nos anos 50.
Mas nem sempre foi assim.
Logo depois de sua première,
em março de 1952, "Cantando
na Chuva" -terceiro volume da
Coleção Folha Clássicos do Cinema, nas bancas a partir do
próximo domingo, 5 de abril-
foi posto de lado para dar lugar
ao relançamento de "Sinfonia
de Paris" (1951), de Vincente
Minelli, produção do mesmo
estúdio (MGM) que havia acabado de ganhar seis Oscars.
Durante muitos anos, apenas
os musicais de Minelli tinham o
status de obra de arte e de "filmes de autor" -uma percepção
que só começou a mudar a partir do fim dos anos 80.
A principal fonte de inspiração de "Cantando na Chuva" foi
a peça "Once in a Lifetime", de
Moss Hart e George S. Kaufman, farsa sobre a chegada do
som a Hollywood que havia feito muito sucesso em 1930.
O roteiro de Betty Comden e
Adolph Green transforma fiapos de situações cômicas em
belos pretextos para um desfile
de números musicais. Várias
canções trazem letra de Arthur
Freed, também produtor do filme e responsável pela divisão
de musicais da MGM.
Enfim, o som
Gene Kelly, Debbie Reynolds
e Donald O'Connor vivem Don,
Kathy e Cosmo, trinca de amigos envolvida com a produção
de um filme no estilo "capa-e-espada". A produção é interrompida depois do sucesso de
"O Cantor de Jazz", primeiro
filme falado, e precisa ser reformulada para incorporar o som.
No caminho, há uma pedra: a
tenebrosa voz da estrela Lina
Lamont (a impagável Jean Hagen, indicada ao Oscar de atriz
coadjuvante). A solução encontrada é a dublagem, e a doce
Kathy generosamente empresta sua voz à estrela.
O tema central de "Cantando
na Chuva", portanto, são as
possíveis relações entre som e
imagem, a natureza do espetáculo e o artifício da representação. Tudo é encenado como
uma grande fábula, em que a
heroína teve sua voz roubada
pela vilã e precisa recuperá-la.
Todos os números musicais
foram criados e dirigidos por
Kelly, enquanto as cenas não
musicais foram dirigidas por
Stanley Donen -por isso, eles
dividem os créditos de direção.
Além do clímax sob uma chuva torrencial, outros números
garantem o deleite do espectador. Entre eles está "Make
Them Laugh", que, apesar de
ter uma canção calcada em "Be
a Clown", de Cole Porter (composta para o musical "O Pirata"), ganha no filme uma interpretação original e trepidante
de Donald O'Connor.
Duas sequências revelam os
bastidores da magia do cinema
e do espetáculo musical. A primeira é uma cena romântica
em um estúdio vazio onde Don
se declara a Kathy usando artifícios disponíveis ali (iluminação, adereços, ventiladores). A
outra é um grande número chamado "The Broadway Ballet",
em que Gene Kelly reúne canções da série cinematográfica
"Broadway Melody" para criar
uma cena extravagante, com
vários cenários, e que culmina
com um sensualíssimo "pas de
deux" com Cyd Charisse.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: DVDs/Crítica/"Os Assassinos": Noir baseado em Hemingway reúne craques Índice
|